Dados do Trabalho

Título

CERATOPLASTIA PENETRANTE COM USO DE CORNEA HETEROLOGA EM PERFURAÇAO OCULAR DE UM GATO: RELATO DE CASO

Introdução

Gatos braquicefálicos possuem maior predisposição a desenvolver alterações tanto na córnea quanto nas pálpebras. A ceratoplastia penetrante (PK) é uma opção de tratamento cirúrgico para casos de perfurações oculares, com o objetivo de fornecer suporte tectônico, visando a maior transparência para uma melhor função visual.

Métodos

Este relato descreve uma PK com uma córnea congelada heteróloga de um cão em um paciente felino, fêmea, 4 meses, da raça persa, com queixa de desconforto ocular no olho esquerdo (OE).

Resultados

Após o exame oftálmico, diagnosticou-se úlcera de córnea no estroma médio e entrópio na pálpebra inferior. Embora tenha sido indicado uma correção cirúrgica, o tutor optou pelo tratamento clínico conservador. Após 5 dias, o paciente apresentou uma perfuração corneana, sendo observada sinéquia anterior, atalamia e teste de Seidel positivo. O tratamento preconizado foi a técnica cirúrgica de PK, utilizando uma córnea heteróloga congelada de um cão. Confeccionou-se um botão corneano de 5 mm, e para a ceratorrafia, foram associados dois padrões de sutura: simples separado e contínuo (nylon 10-0). Ao final, foi colocado uma lente de contato (Acuvue Oasys) e feita tarsorrafia temporária. Concomitantemente, foi realizada a correção do entrópio na pálpebra inferior (OE) pela técnica modificada de Hotz-Celsus. No pós-cirúrgico, foram prescritos os colírios de moxifloxacina 0,5%, hialuronato de sódio 0,15% (QID), e tropicamida (TID), além de, amoxicilina com clavulanato de potássio 12,5mg/kg, prednisolona 0,5mg/kg, dipirona 12,5mg/kg e cloridrato de tramadol 1mg/kg, via oral, todos BID. Com 16 dias de pós-operatório, a tarsorrafia e a lente de contato foram removidas. Com 23 dias, os pontos em córnea foram removidos. No follow-up dia 150, o paciente apresentou uma discreta mácula corneana.

Conclusões

As alterações corneanas mais comuns em gatos são úlceras e sequestros de corneanos, e muitas vezes associados a complicações como perfurações. Diversas abordagens terapêuticas são descritas na literatura, incluindo o uso de membranas biológicas e conjuntivais; ceratoplastias lamelares e penetrantes com córneas frescas, congeladas; homólogas ou heterólogas e córneas sintéticas, voltadas para a restauração da transparência corneana. Com base nisso, optou-se pela realização da PK com córnea heteróloga congelada. Concluiu-se que essa técnica proporcionou uma excelente adesão tecidual, com ótima transparência e preservação da capacidade visual do paciente.

Palavras Chave

Felino; transplante de córnea; córnea congelada.

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