Dados do Trabalho


Título

RELATO DE CASO LENTICONE POSTERIOR: E REALMENTE O VILAO?

Introdução

Lenticone posterior é uma anomalia congênita rara em que ocorre abaulamento cônico na cápsula posterior do cristalino. Majoritariamente é esporádico com acometimento monocular e pode evoluir para o surgimento de catarata e pode predispor à ambliopia. Frequentemente há associação com aberrações de alta ordem de difícil correção com óculos ou lentes de contato. A observação do reflexo em “gota de óleo” e a visualização de abaulamento da cápsula posterior à biomicroscopia com lâmpada de fenda sugerem o diagnóstico de lenticone posterior. Em grande parte dos casos, se faz necessária a realização de facectomia com implante de lente intraocular. Mas, esse procedimento pode ser protelado em casos selecionados?

Métodos

Foram realizadas análise de prontuário médico, documentação fotográfica e revisão de literatura para estruturação do relato de caso.

Resultados

Paciente do sexo feminino, 39 anos, buscou atendimento oftalmológico com queixa de baixa acuidade visual em olho direito (OD) desde a infância, sem outras queixas associadas. Refere que já utilizou lente de contato rígida (LCR) há 10 anos, porém, sem a adaptação adequada, abandonou seu uso. Nega antecedente de cirurgias oculares ou histórico familiar de doenças oftalmológicas. O exame oftalmológico encontra-se na tabela 1. Na topografia corneana (figura 2), observa-se astigmatismo assimétrico e regular em ambos os olhos, no entanto a córnea de olho direito apresenta 5,6DD enquanto a córnea de olho esquerdo apresenta 1,5DD de astigmatismo corneano anterior. O astigmatismo topográfico de ambos os olhos é compatível com o astigmatismo refracional. Diante deste cenário, com o histórico de baixa acuidade visual desde a infância e refração compatível com exames corneanos complementares, acreditamos que a baixa acuidade visual esteja relacionada a ambliopia anisometrópica. Apesar de não podermos quantificar o impacto visual gerado pela alteração cristaliniana, optamos por não indicar procedimento cirúrgico neste momento devido relação risco x benefício incerta, e manter seguimento clínico com nova tentativa de adaptação de lentes de contato rígidas gás-permeáveis.

Conclusões

Relatamos o caso de uma paciente com diagnóstico tardio de lenticone posterior associado a anisometropia astigmática, que resultou em ambliopia anisometrópica e, portanto, consideramos a intervenção cirúrgica imediata com risco incerto e optamos por seguimento clínico. Esse relato reforça a importância do diagnóstico precoce para a prevenção de ambliopia nesses pacientes.

Palavras Chave

lenticone posterior; alterações congênitas; gota de oleo.

Arquivos

Área

CATARATA

Categoria

RESIDENTE OU FELLOW

Instituições

Hospital de Olhos de Cascavel - Paraná - Brasil

Autores

BRUNA DE SOUZA BRITO , VALENTINA NUNES FONTOURA DOS ANJOS , LAÉRCIO RAFAEL SILVA PALTANIN , VITORIA MARCELA BORDIN DA SILVA MAFRA, DAVI LAZARINI MARQUES, CESAR NOBUO SHIRATORI