Dados do Trabalho


Título

CLOREXIDINA E TOXICIDADE CORNEANA: ESTUDO DE RISCO E PREVENÇAO COM RELATOS DA LITERATURA: UM ALERTA AOS MEDICOS

Introdução

Clorexidina é um antisséptico comumente utilizado em cirurgias na face e crânio com consequente potencial contato ocular. Na oftalmologia também é usada como conservante de colírios, produtos de lentes de contato e tratamento para ceratite infecciosa. Relatos de toxicidade corneana a clorexidina existem com diversas concentrações e formas de apresentação. O presente estudo busca esclarecer a associação do uso da clorexidina e toxicidade corneana.

Métodos

Duas fontes de dados foram usadas: a) Relatos de toxicidade à córnea pela clorexidina com diversas concentrações, em estudos in vitro e relatos de casos, colhidos da literatura médica no PubMed entre 1980 e 2023, através dos termos “chlorhexidine” AND “córnea”; b) Casos observados por nosso grupo (serviço hospitalar terciário) entre 2021 e 2024 foram compilados em busca do padrão demográfico, clínico e estratégia terapêutica e desfecho.

Resultados

Nos relatos de caso coletados da literatura foram vistos 28 casos de toxicidade corneana grave . Apenas em 3 casos, a via de contato foi através do endotélio com o uso inadvertido de clorexidina a 0,02% no lugar de solução salina balanceada. No restante, a via de toxicidade foi o epitélio corneano. O perfil epidemiológico dos pacientes era de 60,7% do sexo feminino, com idade média de 49 anos, submetidas a cirurgia em face ou crânio. Treze pacientes foram submetidos a transplante de córnea e a acuidade visual foi superior a 0,5 em apenas 4 casos.
A apresentação mais comum dos estudos foi a clorexidina alcoólica a 4%. Porém, casos de toxicidade grave com clorexidina aquosa a 2% foram vistos em nosso serviço. Alternativas existem com eficácia de antissepsia similar, como a iodopolvidona aquosa a 10%.
Em nosso serviço, 2 casos de ceratite química grave foram avaliados, ambos necessitando de transplante de córnea.

Conclusões

Existe um risco de ceratite relacionado ao uso da clorexidina como antisséptico em regiões de potencial contato ocular: tempo de exposição, dose, veiculo, idade com mais de 40 anos e sexo feminino estão entre os agravantes. O acometimento visual em geral é grave. Apesar disso é utilizado rotineiramente em cirurgias de face, crânio e pálpebras e os riscos são pouco conhecidos por oftalmologistas e outros especialistas. Redução da exposição, tratamento clínico de ceratite e eventualmente o transplante estão entre os recursos terapêuticos. Como principal alternativa está a iodopolvidona aquosa a 10% com custo e eficácia similar.

Palavras Chave

Clorexidina; Córnea; Ceratite

Arquivos

Área

DOENÇAS EXTERNAS OCULARES E CÓRNEA

Categoria

RESIDENTE OU FELLOW

Instituições

USP-RP - São Paulo - Brasil

Autores

DIEGO ROCHA GUTIERREZ, MARCELO CARAM RIBEIRO FERNANDES, CARLOS YUJI NUNOMURA, EDUARDO MELANI ROCHA