Dados do Trabalho
Título
ACURACIA PROGNOSTICA DOS ESCORES DE TRAUMA ABDOMINAL
Objetivo
Determinar a acurácia preditiva dos escores de trauma em termos de morbimortalidade em pacientes vítimas de trauma abdominal submetidos a laparotomia exploradora.
Método
Estudo de coorte retrospectiva com revisão de prontuários dos pacientes submetidos a laparotomia exploradora por trauma contuso ou penetrante em hospital de referência em trauma, durante período de quatro anos. Foram avaliados dados demográficos, mecanismo do trauma, lesões associadas, índices fisiológicos (RTS e SI), anatômicos (ISS, NISS e ATI) e mistos (TRISS e NTRISS), achados intraoperatórios, necessidade de reintervenção e/ou terapia do abdome aberto, complicações pós-operatórias clínicas e cirúrgicas, tempo de internação e desfecho. Para avaliar os fatores de risco, foi utilizada regressão logística binária com descrição da sensibilidade, especificidade e acurácia dos modelos preditivos através de curva ROC. O nível de significância de 5% (p<0.05) foi considerado estatisticamente significativo.
Resultados
Foram avaliados 506 pacientes com idade média de 31 ± 13 anos, e predomínio do sexo masculino (91.3%). O trauma penetrante foi o mecanismo de lesão mais comum (86.2%), sendo a maioria por arma de fogo. A média do RTS na admissão hospitalar foi 7.5 ± 0.7. A média do ISS e do NISS foi 16.5 ± 10.1 e 22.3 ± 13.6, respectivamente. A probabilidade de sobrevida estimada pelo TRISS foi de 95.5%, e pelo NTRISS de 93%. A incidência de complicações pós-operatórias foi de 39.7% e a mortalidade geral de 12.8%. O escore com melhor acurácia preditiva foi o NTRISS (88.5%), seguido pelo TRISS (86.4%), NISS (84.1%) e ISS (80.1%).
Conclusões
Os escores fisiológicos (RTS e SI) apresentaram capacidade discriminatória para sobrevida mais limitada. Entre os escores anatômicos, o ATI apresentou a pior performance, com acurácia preditiva de 73.1% contra área sob a curva >0.8 do ISS e NISS. Os escores de trauma mistos apresentaram a melhor acurácia preditiva de morbimortalidade, e o NTRISS obteve desempenho ligeiramente superior. A diferença se deve somente a maior pontuação do escore anatômico, dado que os parâmetros fisiológicos e coeficientes ajustados para idade e mecanismo do trauma permanecem os mesmos no cálculo. Apesar dos melhores resultados do NTRISS sugeridos por diversos trabalhos, a comunidade é reticente em sua adoção definitiva e o TRISS segue sendo o índice misto mais utilizado na literatura. No contexto de atendimento ao trauma, é fundamental a capacitação dos profissionais de saúde com o cálculo e interpretação dos escores de gravidade como ferramentas de planejamento terapêutico e controle de qualidade do serviço.
Palavras Chave
Índices de Gravidade do Trauma; Laparotomia; Ferimentos e Lesões; Traumatismo Múltiplo
Área
MISCELÂNEA
Instituições
Hospital de Pronto Socorro de Porto Alegre - Rio Grande do Sul - Brasil
Autores
MARIANA KUMAIRA FONSECA, LEDWYNG DAVID GONZALEZ PATINO, CARLOS EDUARDO BASTIAN DA CUNHA, NEIVA BALDISSERA, RICARDO BREIGEIRON, JADER GUS