Dados do Trabalho


Título

AVALIAÇAO DA SINTOMATOLOGIA APOS LIBERAÇAO CIRURGICA DO TUNEL DO CARPO EM PACIENTES OPERADOS NOS ULTIMOS 10 ANOS EM UM HOSPITAL ACADEMICO TERCIARIO

Introdução e objetivo

A síndrome do túnel do carpo é a compressão mais comum do nervo mediano, comum entre os 40 e 60 anos. Na refratariedade ao tratamento clínico, a cirurgia é realizada, com o paciente retornando ao trabalho brevemente. O pós-operatório bem sucedido e livre de sintomas depende da liberação completa do ligamento transverso do carpo, ausência de dupla compressão, além de complicações inerentes ao procedimento (infecção, dor local, dor do pilar) e comorbidades. O objetivo do estudo foi avaliar retrospectivamente os sintomas pós-operatórios de pacientes submetidos a liberação da síndrome do túnel do carpo.

Material e Método

Estudo retrospectivo avaliando sintomas pós-operatórios de liberação do túnel do carpo por compressão do nervo mediano em 334 pacientes.

Resultados

Liberação do túnel do carpo foi realizada 384 vezes, em 334 pacientes. Evolução desfavorável foi mais comum em pacientes com múltiplas comorbidades. A presença da dor do pilar ocorreu numa média de 6,7% dos casos, com a presença de double crush em cerca de 1%, sendo a compressão radicular cervical a causa mais comum da dupla compressão do nervo mediano. Infecção pós-operatória foi mais encontrada em pacientes diabéticos e persistência de sintomas como parestesia ou dor ocorreu principalmente em pacientes com tempo prolongado de sintomas (mais de 10 meses). Dor neurogênica cicatricial ocorreu em 4 pacientes (1%). Não encontramos relatos de neuropraxia ou lesão do ramo motor do nervo mediano.

Discussão

A média de idade dos pacientes que apresentaram sintomatologia disfuncional após procedimento de liberação do túnel do carpo foi de 47 anos, sendo 86% do sexo feminino, dados que corroboram com outros estudos. 20% dos pacientes com evolução desfavorável não possuíam comorbidades, enquanto a presença de pelo menos duas comorbidades ocorreu em 23 dos 63 casos até o momento, o que tem mostrado correlação de patologias de base com complicações pós-operatórias. Infecção e deiscência foram maior nesse grupo de pacientes. Double crush por compressão cervical e síndrome do lacertus fibrosus foram causas de falha no alívio dos sintomas. Pacientes com tempo prolongado da STC tiveram maior persistência de parestesia, compatível com lesão irreversível do nervo por denervação por necrose axonal. Pillar pain, SDRC, dor neurogênica cicatricial são componentes álgicos importantes que limitaram a função destes pacientes.

Conclusões

Conclui-se que apesar da simplicidade do procedimento, a liberação do túnel do carpo não é isenta de complicações.

Área

Clínico

Instituições

HC-FMRP-USP - São Paulo - Brasil

Autores

GUILHERME MARTINS NANCI, LEONARDO GOMES BALDOINO, MICHAELA LONGONI MANFROI, SARA DADONA CORREIA SERRANO, RICARDO LUCCA CABARITE SAHEB, LUIS GUILHERME ROSIFINI ALVES REZENDE