Dados do Trabalho
Título
INSTABILIDADE DA ARUD POR INTERPOSIÇAO DO TENDAO EXTENSOR ULNAR DO CARPO
Introdução e objetivo
A incapacidade de redução da ARUD ocasionada pela interposição de estruturas ósseas ou partes moles, foi descrito pela primeira vez, em 1992, por Bruckner et al., sendo sua primeira hipótese associada a interposição do tendão extensor ulnar do carpo. Perda da integridade de outras estruturas como a fibrocartilagem triangular, pronador quadro e membrana interóssea também são comumente descritas como causadoras de interposição.
Se trata de uma condição comumente encontrada em casos de pronto socorro porém muitas vezes subdiagnosticada. Estima-se que em fraturas de rádio distal, sua incidência gire em torno de 10-19% dos casos, possuindo uma incidência ainda mais significativa quando há associação com fratura do processo estiloide da ulna, devido a origem da fibrocartilagem triangular.
Material e Método
Relato de caso por coleta de dados de prontuário eletrônico, exames radiográficas e imagens intraoperatórias.
Paciente sexo feminino, 36 anos, com sequela de fratura de rádio distal, evoluindo com dor e dificuldade para prono-supinação. Evoluiu com importante artrose radiocarpal, comprometendo suas atividades diárias. Ao exame apresentava dor e instabilidade de ARUD. Indicado a realização da cirurgia de Sauvé-Kapandji para o tratamento da instabilidade radioulnar distal crônica, associada com artrose, sendo evidenciado no transoperatório, interposição do extensor ulnar do carpo impossibilitando a redutibilidade.
Resultados
O paciente foi submetido ao procedimento de desinterposição do extensor ulnar do carpo, procedimento de Sauvé-Kapandji, evoluindo com consolidação, melhora da prono-supinação sem intercorrências após 3 anos de seguimento pós-operatório.
Discussão
A instabilidade radioulnar distal por interposição de tecidos moles é uma entidade comum e subdiagnosticada que pode possuir desfechos desastrosos, predispondo a artrose radiocarpal e grande comprometimento funcional. É necessária avaliação clínica e radiográficas em pacientes com lesões traumáticas no punho, a valorização das queixas clinicas (descrição de “click”) e testes especiais no exame físico, como o Ballottement test, radius pull test, clunk test, extensor carpi ulnaris (ECU) test e press test.
Conclusões
Concluímos que casos de instabilidade crônica da ARUD por interposição do ECU precisam ser diagnosticados de forma precoce e o tratamento com procedimento de Sauvé-Kapandji foi capaz de aumentar a capacidade de prono-supinação e melhora da função.
Área
Clínico
Instituições
HC-FMRP-USP - São Paulo - Brasil
Autores
GABRIELA MONTEIRO OLIVEIRA, MARIA CLARA NÓBREGA D’EMIGLIO, CICERO JOSE SILVA SOUTO, FERNANDA RUIZ DE ANDRADE, LUIS GUILHERME ROSIFINI ALVES REZENDE