Dados do Trabalho


Título

SINDROME DO TUNEL CARPAL ASSOCIADA A MELORREOSTOSE EM PACIENTE PEDIATRICO

Introdução e objetivo

A melorreostose é uma doença rara, caracterizada por espessamento das corticais dos ossos longos e acometimento das partes moles adjacentes. Sua ocorrência nas mãos, especialmente associada à compressão nervosa, é ainda mais incomum, com poucas descrições na literatura. Objetivo: relatar o caso de paciente pediátrico com síndrome do túnel carpal (STC) associada à melorreostose.

Material e Método

Paciente masculino, 6 anos, portador de melorreostose nos membros superiores, foi atendido devido à dor e parestesia nas mãos há 1 ano. Ao exame, apresentava deformidade em flexão dos punhos e dedos, além dos testes de Durkan e Phalen positivos. As radiografias mostraram hiperostose cortical dos ossos do antebraço, do carpo e metacarpos, com aspecto típico de ‘cera de vela derretida’. O mapa de sensibilidade cutânea indicou diminuição da sensibilidade protetora no território epicrítico do nervo mediano à direita e da discriminação fina à esquerda, enquanto os achados da eletroneuromiografia foram compatíveis com a STC.

Resultados

Optou-se por neurólise do nervo mediano ao nível do túnel carpal bilateral, inicialmente à direita; a mão esquerda foi operada 6 meses após a direita. Durante o ato operatório, através de uma incisão mediopalmar, procedeu-se à dissecção cuidadosa e à neurólise do nervo mediano e de seus ramos. Além disso, foi realizada a exploração do túnel carpal, evidenciando irregularidade dos ossos do seu assoalho, espessamento do retináculo flexor e nervo mediano bífido, com degeneração significativa. Após revisão da hemostasia, efetuou-se o fechamento da incisão com fios absorvíveis, em plano único. O paciente evoluiu sem complicações um ano após as cirurgias, com alívio completo da dor e da parestesia.

Discussão

A melorreostose é uma displasia óssea benigna-crônica, com sintomas de dor, deformidade e rigidez articular, podendo progredir rapidamente em crianças. Pouco se sabe sobre sua relação com a STC, sobretudo no contexto pediátrico. Neste caso a STC foi secundária à deformidade da melorreostose, gerando estreitamento do túnel do carpo e compressão do nervo mediano. Optou-se por tratamento cirúrgico com bons resultados pós-operatórios contrastando com a maioria dos casos relatados, que se limitaram em manejar dor e reabilitação motora.

Conclusões

Embora rara, a associação entre STC e melorreostose deve ser lembrada, e o tratamento cirúrgico considerado desde o início do tratamento, inclusive em crianças, a fim de prevenir sequelas neurológicas pela progressão da doença.

Área

Clínico

Instituições

HC-FMRP-USP - São Paulo - Brasil

Autores

LETICIA DE FREITAS LEONEL, LUIS GUILHERME ROSIFINI ALVES REZENDE