DOENÇA DE DEVIC - A IMPORTANCIA DO OFTALMOLOGISTA NO DIAGNOSTICO E TRATAMENTO DE UMA DOENÇA RARA COM SURPREENDENTE DESFECHO FAVORAVEL
Demonstrar o impacto do oftalmologista no diagnóstico precoce e desfecho favorável na Doença de Devic.
Mulher de 58 anos na urgência clínica com baixa acuidade visual (AV) súbita, episódios de turvação no olho direito (OD) há meses. Tinha AV de vultos prévia no olho esquerdo após trauma cefálico antigo. Chamado o oftalmologista que examinou: AV 20/200 no OD; fundoscopia com palidez discal temporal bilateral. Neuroftalmologia: Ishihara sem leitura em AO; pupilas isocóricas, com reação direta à luz diminuída no OD e sem defeito pupilar aferente relativo; versões normais, sensibilidade táctil e vibratória diminuídas em dimídio direito e reflexos tendíneos aumentados. Sorologias negativas e ressonância magnética craniana com sinais de neurite óptica e de desmielinização do centro-oval encefálico. Diante dos achados de inflamação em nervo óptico e medula espinhal, aventou-se hipótese de Doença de Devic e foi iniciada pulsoterapia de metilprednisolona e, diante da piora da AV (sem percepção luminosa no OD), foi realizada plasmaférese por 5 dias. Alta com prednisona e AV 20/800 (OD). Após 30 dias, AV de 20/25 (OD) e melhora clínica substancial.
Doença de Devic é uma doença autoimune rara que afeta NO e medula espinhal, recorrente, de prognóstico ruim, recuperação incompleta e sequelas visuais e motoras, principalmente se diagnóstico tardio. Esse caso teve surpreendente melhora da AV, sendo exemplar da importância do oftalmologista como parte da equipe multidisciplinar.
Neuro-oftalmologia
Instituto de Olhos Ciências Médicas - Minas Gerais - Brasil
Taisa Izabela Magalhães e Souza, Laura Parreira Pires Gonçalves, Guilherme Malta Pio, Thales Henrique Oliveira Magalhães e Souza, Thábata Machado Correia Domingues, Joana Malta Pio