Título

TRANSFUSAO NO TRAUMA: AS PRIMEIRAS 24 HORAS NO PRONTO- SOCORRO

Objetivo

O trauma corresponde a principal causa de morte entre os jovens, sendo 40% dos casos causada por hemorragia. Uma das medidas empregadas no tratamento da hemorragia é a transfusão de hemocomponentes. Existem protocolos para a indicação e realização de transfusão maciça, porém há menor padronização para transfusão de emergência de pequenos volumes de concentrados de hemácias (CH). O objetivo primário deste trabalho é analisar as indicações de transfusões de pequenos volumes de CH na sala de emergência e o objetivo secundário avaliar a evolução destes pacientes nas primeiras 24 horas de internação.

Método

Estudo observacional analítico, transversal e retrospectivo realizado através da análise de prontuários de 107 pacientes, vítimas de trauma, submetidos à transfusão de até três CH na primeira hora da admissão no pronto-socorro do Complexo Hospitalar do Trabalhador (CHT) no ano de 2019. Foram excluídos pacientes menores de 18 anos, os que transfundiram apenas no centro cirúrgico e os casos com óbito na primeira hora. Foram analisados sexo, idade, mecanismo de trauma, sinais vitais de entrada, aplicação do shock index, resultados dos exames laboratoriais de entrada e em 24 horas, a realização de exames de imagem, a necessidade de nova transfusão e de cirurgia em até 24 horas da admissão e a evolução para óbito neste período.

Resultados

A idade média foi de 37 anos, com 85% do sexo masculino. O mecanismo de trauma mais frequente foi o penetrante em 47,7% dos casos. Apenas um óbito foi registrado no período. A maioria dos pacientes (53,3%) recebeu inicialmente dois CH. Sinais clínicos de choque foram relatados em 74,8% dos casos e shock index ≥1 em 33%. A hemoglobina e hematócrito médios iniciais foram respectivamente 12,6 g/dL e 33,6%, dentro do normal, enquanto o lactato e o déficit de base se encontravam elevados: 4,79 mg/dL e 7,98 mEq/L. Pacientes submetidos a tratamento cirúrgico necessitaram em 48,4% dos casos de novas transfusões (p<0,001). O FAST foi realizado em 49,5% dos casos e a tomografia computadorizada (TC) em 89,7%.

Conclusões

A transfusão de pequenos volumes de hemocomponentes foi realizada sem um critério bem definido, entretanto a maioria dos pacientes apresentava descrição de sinais clínicos de choque e os exames laboratoriais sugeriam má perfusão periférica. Se usado o critério do shock index ≥ 1, um terço já possuía indicação de ativação de protocolo de transfusão maciça. Há necessidade de melhor padronização para emprego da hemotransfusão na sala de emergência no trauma.

Palavras Chave

Transfusão de Componentes Sanguíneos. Cuidados de Suporte Avançado de Vida no Trauma. Choque. Ferimentos e Lesões.

Área

TRATAMENTO NO TRAUMA

Instituições

COMPLEXO HOSPITALAR DO TRABALHADOR - CURITIBA - Paraná - Brasil

Autores

ARIANE CAROLINE MARTINS, FÁBIO HENRIQUE CARVALHO