Título
INDICE DE CHOQUE VS ESCALA DE COMA DE GLASGOW: QUAL O MELHOR PREDITOR DE NECESSIDADE DE UTI NA ADMISSAO DA VITIMA DE TRAUMA?
Objetivo
Comparar o Índice de Choque (IC) e a Escala de Coma de Glasgow (ECG) na admissão de vítimas de trauma enquanto preditores de necessidade de Unidade de Terapia Intensiva (UTI) durante a internação. Desse modo, pode-se orientar melhor a alocação de recursos hospitalares tornando previsíveis as intervenções futuras a partir de dados clínicos prévios.
Método
Estudo prospectivo de coorte analisando dados de vítimas de trauma admitidas no Pronto-Socorro do Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Triângulo Mineiro (PS-HC-UFTM) entre setembro de 2020 a junho de 2021. Foram excluídos os pacientes que haviam sido intubados antes da admissão para não interferir na ECG. Na admissão, foram coletados os dados da pressão arterial sistólica e da frequência cardíaca por meio de monitores digitais padronizados para calcular o IC, bem como foi estabelecida a ECG por um cirurgião geral formado plantonista. Depois os pacientes foram acompanhados para o desfecho de necessitarem ou não de terapia intensiva. O estudo foi previamente aprovado no Comitê de Ética em Pesquisa do HC-UFTM sob parecer nº 3.189.909. Os dados foram analisados no prgrama GraphPad Prism 8.0, considerando significância estatísticas os resultados com p<0,05.
Resultados
Foram incluídas na pesquisa 47 vítimas de trauma, das quais 38 (80,9%) não precisaram de UTI durante a internação, enquanto 9 (19,1%) necessitaram de cuidados intensivos. O perfil das vítimas foi predominantemente do sexo masculino (n=38; 86,3%), com idade média de 38,3 anos, vítimas de acidente de trânsito (n=32; 72,3%) e com metade sendo politraumatizadas (n=24; 51,1%). No grupo que não necessitou de cuidados intensivos, observou-se um IC na admissão, em média, de 0,75 e uma ECG, em média, de 14,13. Já o grupo que foi para a UTI, o IC na admissão era, em média, de 0,83 e o ECG era, em média, 7,67. Observou-se que não houve significância estatística entre a elevação do IC e o desfecho UTI (p = 0,3992), mas houve forte associação entre a queda da ECG e o desfecho UTI (p <0,0001). Além disso, considerando o ponto de corte tradicional do IC de 0,7, a sensibilidade enquanto preditor de UTI foi de 66,7% e a especificidade de 50%. Já considerando 1,2 como ponto de corte mais recente do IC, a sensibilidade cai para 22,2%, mas a especificidade sobe para 97,4%. Por outro lado, considerando a ECG menor ou igual a oito, ponto de corte considerado para pacientes graves, a sensibilidade se localiza em 66,7% e a especificidade em 97,4%.
Conclusões
A ECG mostrou-se mais fidedigna que o IC enquanto preditor para necessidade de tratamento intensivo. Podemos perceber essa perspectiva pela associação estatística, bem como considerando esses parâmetros como testes diagnósticos, no qual em ambos a ECG mostrou-se superior ao IC. Entretanto, mais estudos são necessários com amostras maiores e com subdivisão de mecanismos de trauma e áreas corporais lesadas.
Palavras Chave
Escala de Coma de Glasgow; Índice de Choque; Unidade de Terapia Intensiva; Trauma
Área
TRATAMENTO NO TRAUMA
Instituições
Universidade Federal do Triângulo Mineiro (UFTM) - Uberaba - Minas Gerais - Brasil
Autores
LUCAS GUILHERME MENDES NEGREIROS, KAREN PEREIRA ROCHA, ANA LETÍCIA FREITAS-SILVA, VINÍCIUS HENRIQUE ALMEIDA GUIMARAES, CHAMBERTTAN SOUZA DESIDÉRIO, VIRMONDES RODRIGUES JUNIOR, CARLO JOSÉ FREIRE OLIVEIRA