Título

A COMUNICAÇAO DE MAS NOTICIAS NO TRAUMA: O QUANTO OS MEDICOS RESIDENTES SE SENTEM PREPARADOS PARA ESSE DESAFIO?

Objetivo

Avaliar a autopercepção e habilidade na comunicação de más notícias no trauma sob a ótica de residentes de cirurgia e neurocirurgia vinculados a um hospital universitário.

Método

Disponibilizou-se um formulário online com 10 questões, abordando os seguintes aspectos da comunicação de más notícias no trauma: preparação na graduação e atual, frequência de atendimento a vitimas e de comunicação de más notícias, técnicas para conversação, estratégias de aprendizado e desafios em situações práticas. O estudo foi conduzido com residentes em neurocirurgia, cirurgia geral ou especialidades cirúrgicas do Hospital de Clínicas da Universidade Federal do Triângulo Mineiro (HC-UFTM), nos anos de 2020 e 2021. A pesquisa foi aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos, sob o parecer nº4.138.432. A análise estatística foi realizada no programa GraphPad Prism 8.0 e na linguagem e ambiente de estatística computacional R, considerando significância estatística com p<0,05.

Resultados

Participaram da pesquisa 36 residentes com prevalência de um perfil masculino (72,2%), de cirurgia geral (61,1%), com 1 a 5 anos de formação em medicina (66,66%). Constatou-se que 61,1% dos residentes se consideraram mal preparados pela graduação para atender vítimas de trauma, no entanto 55,5%, atualmente, sentem-se aptos para tal atendimento. Descobriu-se que 58,33% dos médicos atendem um número superior a cinco vítimas de trauma por semana e 25% comunicam más notícias para essas vítimas e suas famílias entre 2 e 4 vezes na semana. Quanto à habilidade dessa comunicação, 55,56% se sentem bem preparados, a despeito de apenas 27,8% atribuírem essa habilidade à graduação. Constatou-se ainda neste estudo, que 50% dos residentes não possuem técnica estruturada para comunicar más notícias, sendo que 44,4% aprenderam observando outros especialistas. O maior desafio, assinalado por 50% dos residentes, pautou-se em ser ou se sentir culpabilizado no momento de noticiar o fato, especialmente nas situações clínicas mais complexas como de sequelas permanentes por trauma grave (n=14; 38,9%) ou óbitos (n=12; 33,3%). No que concerne aos dados sociodemográficos, verificou-se associação significativa entre nível de dificuldade na comuicação de más notícias no trauma com o sexo do residente (p=0,032), e também com os menores cargos na hierarquia da residência (p=0,015).

Conclusões

A pesquisa revelou que apesar da maioria dos residentes em cirurgia e neurocirugia do HC-UFTM atenderem traumas com frequência e terem que expor más notícias, a minoria se sente bem preparada pela graduação. A maioria dos residentes não possui uma estratégia sistematizada para comunicar más notícias, aprendendo especialmente na prática e com colegas, fato esse confirmado pela aptidão na comunicação de más notícias no trauma melhorar ao longo da residência. Torna-se relevante que as escolas médicas adicionem a preparação na comunicação de más notícias, possibilitando a condução de uma informação compreensível, humanizada e segura.

Palavras Chave

Residência Médica; Comunicação de más-notícias; Trauma

Área

MISCELÂNEA

Instituições

Universidade Federal do Triângulo Mineiro (UFTM) - Uberaba - Minas Gerais - Brasil

Autores

VINÍCIUS HENRIQUE ALMEIDA GUIMARÃES, CAROLINA CASSIANO, GUSTAVO AGUIAR DE OLIVEIRA, KEITRY PUCHALSKI, LUÍS PEDRO CARVALHO VILELA VALVERDE, IGHOR PEREIRA INOCENCIO OLIVEIRA, ANA PAULA FERNANDES, RICARDO PASTORE