Título

PODOCITOPATIA LUPICA (PL) E SEMPRE UMA DOENÇA COM BOA EVOLUÇAO?

Introdução

Menos que 5% dos pacientes lúpicos apresentam doença renal apenas com síndrome nefrótica e histologia com glomérulos normais ou lesão de glomeruloesclerose segmentar e focal (GESF), com ou sem proliferação mesangial e ausência de depósitos sub-epiteliais ou sub-endoteliais e com extensa fusão de podócitos ao microscópio eletrônico.Com relação à evolução e tratamento desses pacientes as publicações ainda são escassas porém relatos de boas respostas com função renal preservada e remissão da proteinúria predominam na literatura. Objetivo- Descrever o quadro clínico e seguimento de 19 pacientes com PL localizados na nossa base de dados de nefrite lúpica com biópsias realizadas entre 1994 a 2016.

Material e Método

Estudo retrospectivo em centro único através da análise de banco de dados de pacientes com nefríte lúpica (NL) submetidas a biópsia renal num período de 22 anos.

Resultados

Ao diagnóstico da doença renal os parâmetros clínicos laboratoriais dos 19 pacientes foram: 85% sexo feminino, idade de 33,6±9,4 anos, síndrome nefrótica em 89%, hematúria em 58%, proteinúria de 6,2±3,8g/dia, albumina sérica de 2,4±0,8g/dl, creatinina 1,27 ±0,89mg/dl, hemoglobina 12,17±1,48 g/dl, colesterol 310±100mg/dl, FAN >160 em 88%, aDNA> 20 em 50%, C3 < 90mg/dl em 37%, C4<10mg/dl em 7%. Os diagnósticos histológicos encontrados foram: 15 GESF, 3 doença de lesão mínima (DLM) e 1 glomerulonefrite proliferativa mesangial (GNPMes). Quanto ao tratamento todos tomaram prednisona, azatioprina 3, ciclofosfamida 3, micofenolato 2, multitarget (tacrolimus+ micofenolato) 4. Quanto a resposta terapêutica 6 pacientes apresentaram remissão completa, 3 remissão parcial, 1doença renal crônica (DRC) e óbito em sepse, 1 óbito sem causa definida. Após um tempo médio de acompanhamento de 96 meses, 8 dos 19 pacientes tiveram critérios clínicos de piora da função renal e ou manutenção da proteinúria e realizou-se uma segunda biópsia renal. Entre 15 pacientes com GESF 5 tiveram uma segunda biópsia sendo que 2 mostraram cronificação da lesão e 2 transformação para NL classe IV. Entre 3 pacientes com DLM dois tiveram transformação para GNPMes, enquanto um paciente com GNPMes teve transformação para NL classe IV.

Discussão e Conclusões

Em desacordo com a literatura notamos má evolução de pacientes em 42% da casuística, com transformação para NL classe IV em 3 pacientes e cronificação histológica em 3 outros pacientes.

Palavras Chave

Podocitopatia Lúpica, Nefrite lúpica, biópsia renal

Área

Doenças do glomérulo

Instituições

Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP - SAO PAULO - São Paulo - Brasil

Autores

CRISTIANE BITENCOURT DIAS, Lecticia Barbosa Jorge, Luis Yu, Viktoria Woronik