Título

A AVALIAÇAO DA SOBRECARGA DE FERRO E DO TRATAMENTO COM DESFERROXAMINA NO TECIDO HEPATICO, CARDIACO E OSSEO DE PACIENTES EM HEMODIÁLISE

Introdução

Nos pacientes com DRC a reposição de ferro (Fe) é feita de rotina. A inflamação é uma situação que altera a ferritina sérica, dificultando o seu uso para monitorar a reposição de Fe. A RNM hepática é o método não invasivo padrão ouro para avaliar os estoques de ferro em hemossideroses secundarias, mas é pouco utilizada na DRC. Estudos com bx óssea da crista ilíaca, mostraram depósitos de ferro na frente de mineralização e na medula óssea. A desferrioxamina (DFO) é um dos quelantes mais usados em pacientes com sobrecarga de Fe. O objetivo deste estudo foi avaliar a concentração de Fe nos tecidos hepático, cardíaco e ósseo de pacientes em HD com RNM e biópsia óssea, além dos efeitos do uso da DFO durante 12 meses

Material e Método

Realizamos estudo prospectivo com 28 pacientes em HD com ferritina >1000 ng/ml e avaliamos os níveis séricos de Hb, o perfil de ferro, FA, PTH, FGF 23i e Hepicidina. Os pacientes realizaram RNM de coração, fígado e crista ilíaca além da Bx óssea de crista ilíaca com histomorfometria, avaliadas pelo TMV [T descreve o turnover (BFR), M a mineralização (MLT) e “V” volume ósseo (BV/TV)]. Repetimos os exames um ano após uso da DFO 5mg/Kg 1x/semana. Os pacientes não receberam reposição de Fe e o uso de EPO foi mantida conforme a necessidade. Quantificamos as células da medula óssea (MO) contendo Fe pela coloração de Perl Prussian blue e corrigimos o numero de células positivas pela área da medula óssea (M.Ar)

Resultados

Concluíram o estudo 20 pacientes. O uso do DFO reduziu ferro sérico (109,3±44,0X73,2±37,9μg/dL p<0,001), ferritina [1,279 (1112-2187)X490 (272-1264)ng/dl p=0,004] e sat Fe% (48,9±20,6X28,6±10,9 p<0,001) sem alterar Hb (11,5±2,10X11,0±2,6g/dl; p=0,388). Não houve alterações no PTH 282,5 (175-980)X427(197-653) p= 0,411 e da FA:135 (99,217)X171(107, 278) p=0,053. Observamos diminuição de FGF23i sérico [1531 (596-5897)x504(224- 8,753)pg/ml p=0,014] e de hepicidina (181,8±37 X 137,6±53,9ng/ml p=0,02). O número de células da MO com Fe diminuiu [N.Cel Fe+/M.Ar (1,29±0,15x1,21±0,1n°/mm2 p=0,038)]. Não tivemos mudança no TMV. A RNM mostrou redução na concentração de Fe no fígado, coluna lombar e crista ilíaca. A ferritina sérica correlacionou-se com o Fe no fígado e nos tecidos ósseos. As medidas de ferro na MO por histomorfometria e RNM óssea também tiveram correlação

Discussão e Conclusões

O uso da DFO durante 12 meses reduziu a sobrecarga de Fe no fígado, no tecido ósseo (número de células impregnadas por Fe na MO) sem afetar os níveis séricos de Hb e o TMV

Palavras Chave

Sobrecarga de ferro; Ressonância nuclear magnética; doença renal crônica; hemodiálise; biópsia óssea;

Área

Doença renal crônica

Instituições

HC-FMUSP - Sao Paulo - São Paulo - Brasil

Autores

LUCAS LOBATO ACATUASSU NUNES, HANNA Guapyassu, LUCIENE M Dos Reis, R M A Moysés, R M ELIAS, VANDA JORGETTI, MELANI RIBEIRO CUSTODIO