Título

BIOMARCADORES E ALTERAÇOES GENETICAS NA VALVULA DE URETRA POSTERIOR E SEU VALOR PROGNOSTICO

Introdução

A válvula de uretra posterior (VUP) é uma das principais causas de obstrução congênita do trato urinário inferior em pediatria. Sua ocorrência, apesar de rara, pode causar doença renal crônica (DRC) em meninos, com frequente progressão para doença renal crônica terminal (DRCT). Nesse sentido, o desenvolvimento de novas estratégias diagnósticas, tais como o emprego de biomarcadores, surge como medida fundamental para avaliação do prognóstico de pacientes com VUP. Nosso objetivo foi revisar a literatura sobre marcadores tradicionais e novos na VUP.

Material e Método

Foram realizadas buscas nas bases Pubmed/MEDLINE, Scopus e SciELO. Para sistematização da busca, utilizaram-se termos como "Posterior Urethral Valve", "Prognosis", "Biomarkers" e variações descritas nas bases Medical Subject Headings (MeSH) e Descritores em Ciências da Saúde (DeCS).

Resultados

Ao todo, foram incluídos e revisados integralmente 48 estudos, publicados entre 2006 e 2021. A literatura mostrou novos biomarcadores de prognóstico da doença, com destaque para técnicas de proteômica e genômica, assim como biomarcadores clássicos, com ênfase na creatinina sérica e em citocinas inflamatórias.

Discussão e Conclusões

Quanto a biomarcadores recentemente descritos na literatura, ressalta-se o 12PUV, um conjunto de 12 peptídeos urinários fetais que previram com alta precisão a função renal pós-natal em fetos com PUV. No que tange a marcadores clássicos, destacam-se os valores de creatinina, que apresentaram-se elevados em pacientes com VUP quando comparados a controles saudáveis. Mais especificamente, altos níveis de nadir de creatinina e creatinina sérica à admissão associaram-se à maior ocorrência de DRC e DRCT nessa população. Paralelamente, marcadores do estresse oxidativo, citocinas inflamatórias (sobretudo TGF-β1, TNF-α e IL-6) e componentes do sistema renina-angiotensina-aldosterona (SRAA), quando aumentados, foram indicativos de desfechos renais graves. Evidências relacionaram, ainda, alterações genéticas à expressão e pior prognóstico entre os pacientes com VUP, com destaque para polimorfismos relacionados às moléculas do SRAA, como aqueles ocorridos nos genes da enzima conversora de angiotensina (ECA) e de receptores de angiotensina II do tipos 1 e 2 (AGTR1 e AGTR2). Dessa forma, considerando a gravidade do quadro de VUP, a identificação de biomarcadores sensíveis e custo-efetivos, além do valor diagnóstico, poderá auxiliar na investigação de novas estratégias terapêuticas.

Palavras Chave

válvula de uretra posterior; prognóstico; biomarcadores; genômica; proteômica.

Área

Nefropediatria

Instituições

UFMG - Belo Horizonte - Minas Gerais - Brasil

Autores

BEATRIZ CASTELLO BRANCO MIRANDA, BRUNO WILNES SIMAS PEREIRA, ANA CRISTINA SIMÕES E SILVA, PEDRO ALVES SOARES VAZ DE CASTRO, CAIO RIBEIRO VIEIRA LEAL