Título

DISTRIBUIÇAO DAS VARIANTES RELACIONADAS A SINDROME DE BARTTER (SB) – DADOS DE UMA COORTE BRASILEIRA E SUA RELAÇAO COM OUTRAS COORTES MUNDIAIS.

Introdução

Diante da sobreposição clínica entre os tipos de Síndrome de Bartter (SB) e as condições pseudo-SB (pSB), é necessária uma investigação estruturada para firmar o diagnóstico. A classificação atual da SB é baseada nas variantes genéticas relacionadas aos transportadores tubulares renais. A definição genética é decisiva em casos complexos, pode direcionar o tratamento inespecífico e, no futuro, propiciar um tratamento alvo. A população brasileira é peculiar pela ancestralidade diversa e alta taxa de miscigenação e o conhecimento do espectro genético pode revelar semelhanças/diferenças com outras populações.

Material e Método

Parte 1- caracterização clínica, laboratorial e genética de uma coorte brasileira com suspeita clínica de SB. A análise genética foi por sequenciamento de painel de genes e MLPA (CLCNKA/CLCNKB) se indicado. Parte 2- revisão da literatura das variantes da SB detectadas em outras coortes mundiais.

Resultados

Parte 1: Estudo incluiu 23 pacientes (12 meninas) de 21 famílias, clinicamente classificados como SB Antenatal/Neonatal e SB Clássica. Diagnósticos alcançados: Condições pSB: Síndrome de Gitelman em 2 irmãos com SB Antenatal e nova variante patogênica e Diarreia congênita pelo cloro em uma menina. Mutações relacionadas à SB foram detectadas em 23 casos:-2 meninos com SB Antenatal e mutações no SLC12A1 (SB tipo 1); -1 menina com SB Neonatal e surdez neurosensorial (SN) com mutação em homozigose no BSND (SB tipo 4a); -1 menina com SN e mutação digênica (CLCNKA e CLCNKB) (SB tipo 4b); -16 casos com mutações em CLCNKB (SB tipo 3). Deleção total do CLCNKB (del 1-20) foi a variante mais comum nesta coorte com uma frequência alélica de 40%. Pacientes com a del 1-20 tiveram manifestações mais precoces do que os casos de SB tipo 3 e outras variantes. Parte 2: O perfil genético desta coorte brasileira de SB foi surpreendentemente semelhante ao de uma coorte chinesa, ao de indivíduos com ancestralidade africana e do Oriente médio incluídos em outras coortes. Efeitos fundadores na SB tipo 3: -coortes espanholas (p.A204T) e coreanas/japonesas (p.W610X), nas quais a del 1-20 é rara/ausente.

Discussão e Conclusões

O estudo genético foi decisivo na resolução de casos complexos de condições pSB e classificou os pacientes pelo tipo da SB. A del 1-20 foi a mutação mais comum na SB tipo 3 desta coorte brasileira, em frequência semelhante à coorte chinesa e pacientes com ancestralidade africana e Oriente médio. Pode-se especular a influência do povoamento das Américas pelo Estreito de Bering nesta semelhança.

Palavras Chave

Síndrome de Bartter, condições pseudo síndrome de Bartter, espectro genético, ancestralidade

Área

Nefrologia clínica

Instituições

Universidade de São Paulo - São Paulo - São Paulo - Brasil

Autores

Maria HELENA VAISBICH, Ana Carola Messa, Fernanda Macaferri Nunes, Juliana Caires Ferreira, Andreia Rangel Santos, Andreia Watanabe