Título

UTILIZAÇAO DA BIOIMPEDANCIA MULTIFREQUENCIAL NA DETERMINAÇAO DO ESTADO DE HIDRATAÇAO E SEU IMPACTO EM DESFECHOS INTERMEDIARIOS EM DIALISE PERITONEAL

Introdução

Hiperidratação é comum nos pacientes com doença renal crônica, tratados por diálise peritoneal (DP), e possui associação com risco de morte cardiovascular. A avaliação da água corporal e sua distribuição é um dos principais desafios no acompanhamento desses pacientes. A bioimpedância elétrica multifrequencial por espectroscopia (BIS) é uma das ferramentas que tem sido propostas para determinação da água corporal em pacientes dialíticos. Dessa forma, objetivou-se avaliar a BIS como parâmetro de controle hídrico em DP e seu impacto sobre desfechos intermediários cardiovasculares e inflamatórios, comparado ao controle baseado em métodos de avaliação clínica e bioimpedância elétrica unifrequencial (BIA).

Material e Método

Estudo randomizado controlado de intervenção, em pacientes adultos prevalentes em DP, com seguimento de nove meses. Os pacientes foram divididos em dois grupos: Controle e Intervenção. Dados demográficos, clínicos e dialíticos foram obtidos dos prontuários. Foram avaliados parâmetros de hidratação por BIS (equipamento BMC, Fresenius Medical Care®) e BIA, parâmetros laboratoriais, monitorização da pressão arterial de 24 horas (MAPA), eletrocardiograma, ecocardiografia e velocidade de onda de pulso. No grupo Intervenção, os dados de BIS foram disponibilizados à equipe médica e puderam ser utilizados como base para prescrição. Os dados da BIS não foram disponibilizados no grupo Controle.

Resultados

Dezoito pacientes concluíram o seguimento: dez (Controle) e oito (Intervenção). Houve diferença significante entre os grupos quanto aos parâmetros de controle hídrico ao final do estudo. O grupo Intervenção apresentou maior proporção de pacientes com a relação do índice de hiperidratação pela água extracelular (OH/AEC%) < 15% em comparação ao grupo Controle (87,5% versus 40%; p=0,040). Na avaliação longitudinal, OH (p=0,012) e OH/AEC% (p=0,007) apresentaram valores significantemente inferiores no grupo Intervenção. A concentração sérica de Interleucina-6 se elevou apenas no grupo Controle entre o início e final do acompanhamento (p=0,017). O grupo Controle apresentou maior percentual de hipertensos ao final do estudo pela MAPA (77,8% versus 16,7%; p = 0,020).

Discussão e Conclusões

A utilização da BIS fornece benefício adicional ao controle hídrico de pacientes em DP quando utilizada como método auxiliar à avaliação clínica e à BIA.

Palavras Chave

Doença renal crônica; Diálise peritoneal; Bioimpedância elétrica; Doença cardiovascular; Hiperidratação; Inflamação.

Área

Multiprofissional: nutrição

Instituições

Universidade Estadual Paulista (Unesp) - Botucatu - São Paulo - Brasil

Autores

Fabiana Lourenço Costa, Nayrana Soares Carmo Reis, Fabricio Moreira Reis, Maryanne Zilli Canedo Silva, Rogério Carvalho de Oliveira, Silméia Garcia Zanati Bazan, Nathalia Fervorine Souza, Marcela Marques Fonseca, Luis Cuadrado Martin, Pasqual Barretti