Título

Sobrecarga de volume medida por bioimpedância como preditor de hipertrofia ventricular em pacientes em diálise peritoneal

Introdução

A sobrecarga de volume (SV) é um problema frequente, principalmente nos pacientes em diálise peritoneal (DP), o que se associa com risco de morte de causa cardiovascular. A morfologia da massa ventricular e o volume do átrio esquerdo são marcadores de sobrevivência nos pacientes dialíticos. A Kidney Disease Outcomes Quality Initiative (KDOQI) de 2020 tem como uma das suas recomendações de pesquisas futuras a busca de pontos de corte da utilização da bioimpedância (BIA) nos pacientes em DP que possam predizer desfechos clínicos. Desta forma, o objetivo deste trabalho é encontrar pontos de corte de SV avaliados por diferentes métodos de BIA para predizer a ocorrência de hipertrofia ventricular em pacientes em DP.

Material e Método

Estudo observacional transversal, realizado em pacientes em DP. Foram obtidos dados demográficos, clínicos e dialíticos no momento das avaliações por BIA e ecocardiografia. As medidas de água corporal foram realizadas pela BIA segmentar (BIASEG) e pela BIA multifrequencial (BIAMULTI). Hipertrofia ventricular foi considerada a massa ventricular indexada para altura ≥ 51g/m2,7. Foram traçadas curvas ROC (receiver operating curve) para a casuística como um todo, um valor de p<0,05 foi considerado estatisticamente significante. O melhor ponto de corte foi identificado pelo índice de Yuden.

Resultados

Foram avaliados 70 pacientes em DP sendo 46% do sexo feminino, 26% pardos, 4% pretos, 1% indígenas, 68% brancos e 1% asiáticos. A média de idade foi de 55±14,3 anos. A BIASEG foi a única que se associou ao desfecho avaliado. A área sob a curva da relação água extracelular/água corporal total (AEC/ACT) medido pela BIASEG foi de 0,68 (IC 95%= 0,51-0,84) P= 0,048. O melhor ponto de corte da relação AEC/ACT pela BIASEG foi de 39% com sensibilidade de 63% e especificidade de 76%.

Discussão e Conclusões

O presente trabalho tem sua relevância na medida que identifica pontos de corte da BIASEG para prever um importante desfecho cardiovascular intermediário que é a hipertrofia ventricular esquerda que impacta na sobrevida dos pacientes. A relação da AEC/ACT medida pela BIASEG foi preditora da presença de hipertrofia ventricular com pontos de corte de 39%.

Palavras Chave

Doença renal crônica, doença cardiovascular, diálise peritoneal, sobrecarga de volume, bioimpedância, hipertrofia ventricular.

Área

Hipertensão

Instituições

Hospital das Clinicas da Faculdade de Medicina de Botucatu - Botucatu - São Paulo - Brasil

Autores

Patricia Santi Xavier, Fabiana Lourenço Costa, Nayrana Soares do Carmo Reis, Fabricio Moreira Reis, Rogério Carvalho Oliveira, Silméia Garcia Zanati Bazan, Luis Cuadrado Martin, Pasqual Barretti