Título

QUALIDADE DO CUIDADO COM DOENÇA RENAL CRONICA EM ATENÇAO PRIMARIA A SAUDE

Introdução

O Ministério da Saúde do Brasil determina que o rastreamento de pacientes de risco para doença renal crônica (DRC) assim como o tratamento das fases iniciais dessa condição sejam realizados em atenção primária à saúde (APS). O objetivo deste trabalho foi avaliar a qualidade da assistência às fases iniciais da DRC em APS, no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS).

Material e Método

Foram selecionados 10 indicadores de qualidade da assistência à DRC em APS de acordo com os seguintes critérios: presença do indicador em portarias e/ou diretrizes nacionais, relevância científica e possibilidade de obtenção dos dados. O estudo foi retrospectivo, baseado em análise de prontuários e realizado em 100% das unidades básicas de saúde de um município do Estado de São Paulo. Os critérios de inclusão foram: idade >=18 anos, tempo de seguimento >=12 meses e presença de um ou mais dos principais fatores de risco para DRC (hipertensão arterial [HA], diabetes mellitus [DM] e idade acima de 60 anos).Os critérios de exclusão foram pacientes em terapia renal substitutiva e aqueles em cuidados paliativos exclusivos. Foi realizado cálculo amostral que indicou necessidade de se avaliar o mínimo de 857 pacientes. As consultas analisadas ocorreram entre novembro de 2018 e fevereiro de 2020.

Resultados

A amostra final foi constituída por 1.066 pacientes. O percentual de pacientes com dosagem de creatinina sérica e proteinúria foi 79,4% e 58,8%, respectivamente. O registro de pressão arterial ocorreu em 98,9%. O percentual de controle da HA (pressão arterial <140x90mmHg), DM (hemoglobina glicada <6,5%) e dislipidemia (LDL-colesterol < 100mg/dl) foi de 79,2%, 49,2% e 33,3%, respectivamente. O uso de inibidores do sistema renina-angiotensina (SRA) nos pacientes com HA e DRC foi de 82,8%. A dosagem de potássio sérico ocorreu 35,7% dos pacientes em uso de inibidores do SRA. Entre os pacientes com DRC, 16,8% tinham registro desse diagnóstico em prontuário e a taxa de encaminhamento para nefrologista de pacientes de alto risco de DRC foi de 31,6%. Os pacientes que possuíam dosagem de creatinina sérica e proteinúria (n=611) foram classificados de acordo com o mapa de calor (ou mapa de risco) da DRC. Os pacientes com risco baixo, moderado, alto e muito alto foram 513 (83,9%), 65 (10,6%), 22 (3,6%) e 11 (1,8%), respectivamente.

Discussão e Conclusões

Observaram-se falhas na identificação e assistência às fases iniciais da DRC em APS. O tratamento dos fatores de risco e comorbidades de pacientes de risco para DRC pode ser melhorado.

Palavras Chave

atenção primária à saúde; indicadores de qualidade; doença renal crônica

Área

Doença renal crônica

Instituições

FUNDAÇÃO GETÚLIO VARGAS - SÃO PAULO - São Paulo - Brasil, SECRETARIA MUNICIPAL DE SAÚDE DE SANTANA DE PARNAÍBA - SANTANA DE PARNAÍBA - São Paulo - Brasil, UNIFESP - SÃO PAULO - São Paulo - Brasil

Autores

FARID SAMAAN, GIANNA MASTROIANNI KIRSZTAJN, RICARDO CASTRO CINTRA SESSO, ANA MARIA MALIK