Título

VALOR PREDITIVO DOS INQUERITOS ALIMENTARES NA DETERMINAÇAO DA INGESTAO DE SODIO

Introdução

Na Doença Renal Crônica (DRC), a monitorização da ingestão de sódio é essencial para o manejo clínico. O padrão-ouro para avaliar essa ingestão é a excreção de sódio na urina de 24h. Porém, são escassos os estudos que avaliem o poder dos inquéritos alimentares para predizer a ingestão de sódio pelo padrão-ouro. Assim, o objetivo deste trabalho foi avaliar o poder preditivo dos inquéritos alimentares para determinar a ingestão de sódio.

Material e Método

Foi realizado estudo transversal prospectivo incluindo portadores de DRC. A ingestão de sódio foi calculada utilizando recordatório de 24 horas (R24h) e Questionário de Frequência Alimentar (QFA) calculados pelo software Dietbox. O método padrão-ouro foi o sódio urinário mensurado em 24h. Aplicaram-se testes de Correlação de Spearman, Bland-Altman e Curva ROC. A variável desfecho da Curva ROC foi ausência completa de adesão as restrições de sódio, definida como ingestão de sódio superior ao dobro do valor recomendado (≥4g).

Resultados

Foram incluídos 60 pacientes, destes, 34 do sexo masculino, média de idade de 62±17,4 anos, 48 brancos, 7 pardos, 4 negros e 1 amarelo. A média do sódio urinário foi 4052±1777mg, da ingestão de sódio quantificada pelo QFA de 4179±2028mg e pelo R24h de 1402±959mg. O coeficiente de correlação do sódio urinário e QFA foi de r=0,36 com p=0,005 e do sódio urinário com o R24h foi de r= 0,243 e p=0,061. Pelo método de Bland-Altman, o QFA superestimou o sódio em 127mg com limites de concordância para 95% superior de 3953mg e limite de concordância inferior de -4208mg. O QFA apresentou curva ROC estatisticamente significante (p=0,008). O melhor ponto de corte foi de ≥4300mg, área sob a curva de 0,705 (IC95%: 0,565-0,845), a sensibilidade, o valor preditivo positivo foi de 64%, o valor preditivo negativo foi de 80% e acurácia de 73%. O R24h apresentou subestimação estatisticamente significante pelo método de Bland-Altman e área sob curva ROC estatisticamente não significante.

Discussão e Conclusões

A coleta de sódio urinário não é dispensável, pois, pelos instrumentos dos inquéritos, há muita dispersão entre a estimativa e o padrão-ouro. Porém, ainda que de maneira pouco precisa, o QFA poderia predizer a não adesão a restrição de sódio. Assim, é plausível realizar o QFA como uma ferramenta de triagem, a fim de identificar pacientes com alto consumo de sódio para realizar intervenção mais assertiva.

Palavras Chave

Doença Renal Crônica; Ingestão de sódio; Hipertensão; Nutrição.

Área

Multiprofissional: nutrição

Instituições

UNESP - Botucatu - São Paulo - Brasil

Autores

Ryan Nunes Yoshio Yoshihara, Paula Torres Presti, Vanessa Burgugi Banin, Matheus Antonio Filiol Belin, Pasqual Barretti, Luis Cuadrado Martin