Título

USO DE SOLUÇAO DE MAGNESIO 1.8 MEQ/L E SEGURO E PODE FACILITAR O CONTROLE DE CALCEMIA E MAGNESEMIA EM PACIENTES PEDIATRICOS CRITICOS EM HEMODIAFILTRAÇAO CONTINUA (CVVHDF) EM USO DE ANTICOAGULAÇAO REGIONAL POR CITRATO

Introdução

A hipomagnesemia (hipoMg) está relacionada a anticoagulação regional com citrato na CVVHDF utilizado em pacientes críticos com injúria renal aguda. Este estudo comparou os fatores relacionados a hipoMg em pacientes pediátricos submetidos a CVVHDF usando solução de diálise/reposição com concentração de Mg de 1,5 (Mg1.5) ou de 1,8 mEq/L (Mg1.8).

Material e Método

Avaliação clínica e laboratorial de pacientes submetidos a CVVHDF de maio/2019 a abril/2021 em UTI pediátrica terciária. Mg1.5 foi utilizado até 09/08/2020 e Mg1.8 após essa data. Exclusão: tempo <24h em CVVHDF. Foram analisadas as concentrações de Mg a entrada da UTI, início da CVVHDF, valor máximo (máx) e mínimo (mín) durante a terapia, e reposição de Mg. Definições: hipoMg <1,7mg/dL e hiperMg >2,2mg/dL.

Resultados

CVVHDF foi utilizada em 72/1057 internações (6,8%), e 16 foram excluídos por tempo <24h. Dos 56 pacientes avaliados: meninas: 55,3%; idade: 4,2 anos (1,1-12,7), <1 ano: 13 (23,2%); peso à internação=13 kg (8,4-36,0), <10 Kg: 18/56 (30,1%); doença de base: hepática=46%, renal=27%, oncológica=9% e outras=18%. Ventilação pulmonar mecânica (VM) foi usada em 66% e drogas vasoativas (DV) em 53,6%. Hipervolemia foi a principal indicação de CVVHDF (76,8%). A concentração utilizada de citrato de sódio foi de 1,0 mmol/L (0,75-1,5), e 17/56 (30,3%) dos pacientes usaram Mg1.8. Observou-se hipoMg em 39/56 (69,6%), hiperMg em 13/56 (23,3%) e Mg >3mg/dL em 0. Houve correlação de níveis mín de Mg com idade menor (p=0,005), aonde 12/12 <1ano apresentaram hipoMg. Em pacientes maiores ou igual a 1 ano houve melhora do Mg mín com o uso de Mg 1.8 (p=0,019). O grupo que recebeu Mg1.5 apresentou concentração sérica menor de cálcio iônico (p=0,035), não associado a aumento de infusão de cálcio (p=0,52) e tendência a menor concentração de Mg (p=0,079). 37,5% (21/56) receberam reposição de Mg, dose máx de 1 mg/kg/dia (endovenoso) e 3,5 mg/kg/dia (enteral), sem diferença entre os grupos (p=0,55). Óbito foi observado em 24/56 pacientes (42,8%), sendo a idade <1 ano, peso <10Kg e hepatopatia associado a seu risco (p=0,004, 0,010 e 0,04, respectivamente) e não o uso de DV, VM ou HipoMg (p=0,29, 0,09 e 0,55, respectivamente).

Discussão e Conclusões

A maioria dos pacientes pediátricos em CVVHDF evoluiu com hipoMg, e todos aqueles com idade <1 ano. A utilização de solução de Mg1.8 melhorou o controle de cálcio iônico em todos os pacientes, e os níveis de Mg sérico naqueles maiores ou igual a 1ano. É provável que houve melhora do Mg iônico, uma vez que ele se correlaciona ao cálcio iônico, e que pacientes <1ano se beneficiem de concentrações ainda maiores de Mg.

Palavras Chave

CVVHDF; hipomagnesemia; diálise; pediatria; anticoagulação regional com citrato

Área

Nefropediatria

Instituições

Instituto da Criança do Hospital das Clínicas - FMUSP - São Paulo - São Paulo - Brasil

Autores

CAROLINE SARTORI ORTEGA, RODRIGO HIDEKI MATSURA, CAROLINA GARCIA MARUYAMA, SANDRA LIRIA ADAN OGANDO, LUCIANO ALVARENGA DOS SANTOS, WERTHER BRUNOW DE CARVALHO, ANDREIA WATANABE