Título

MICROBIOTA INTESTINAL DE PACIENTES EM DIALISE PERITONEAL NAO E DIFERENTE DE INDIVIDUOS SAUDAVEIS QUE COABITAM

Introdução

A doença renal crônica parece ter potencial em alterar a composição da microbiota intestinal. No entanto, o ambiente e a dieta podem também influenciar o perfil microbiano desses pacientes. Assim, o objetivo desse estudo foi comparar a composição da microbiota intestinal entre pacientes em diálise peritoneal (DP) e indivíduos saudáveis pareados por idade e que coabitam com os pacientes.

Material e Método

Estudo de corte transversal. Incluídos pacientes em diálise peritoneal automatizada (≥ 3 meses), idade entre 18 e 75 anos e clinicamente estáveis. Grupo controle foi composto por indivíduos saudáveis que moravam na mesma habitação. As amostras de fezes foram coletadas e o perfil microbiano foi avaliado através da amplificação e sequenciamento em plataforma IluminaMiSeq da região 16S rRNA. A dieta foi avaliada por registro alimentar de 3 dias e a qualidade da dieta pelo Índice de Qualidade da Dieta (IQD). Estado nutricional foi avaliado através do Índice de Massa Corporal (IMC) e avaliação global subjetiva de 7 pontos.

Resultados

Vinte pacientes (grupo DP) e 20 controles (grupo controle) foram avaliados. Grupo DP: 70% homens, 53,5 [48,2 – 66 (mediana, intervalo interquartil)] anos, 50% com diabetes, IMC 25,9±4,8 kg/m², 95% bem nutridos, 14 (5,2 – 43,5) meses em diálise e 80% com função renal residual. Grupo controle: 30% homens, 51,5 (46,2 – 59,7) anos, IMC 28,7±3,5 kg/m². Com exceção do sexo e IMC (p<0,05), não houveram diferenças entre grupos. Comparando a ingestão alimentar entre grupos, não houve diferença em proteína (DP: 0,8±0,2 g/kg/dia vs. controle: 0,9±0,2 g/kg/dia, p=0,23) e fibra [DP: 14,1 (10,7 – 21,1) g/dia vs. controle: 13,7 (10,4 – 18,0) g/dia, p=0,85]. A qualidade da dieta não diferiu entre os grupos (DP: 52,3±15,6 vs. controle: 54,5±14,8, p=0,65). Em relação a composição da microbiota, não foram encontradas diferenças entre os grupos em alfa (índice Shannon, p=0,69) e beta diversidade (p>0,05), assim como abundância diferencial de gêneros (p>0.05). Filos mais abundantes em ambos os grupos foram Bacteroidetes e Firmicutes. Em menor proporção, filos Verrucomicrobia, Actinobacteria e Proteobacteria (conhecido como marcador de disbiose) foram igualmente encontrados nos grupos.

Discussão e Conclusões

A composição da microbiota intestinal dos pacientes em DP não diferiu da de indivíduos saudáveis que coabitam e compartilham alimentação similar. Este resultado indica que a DP parece não alterar de forma significante a composição da microbiota intestinal.

Palavras Chave

Doença Renal Crônica; Diálise Peritoneal; Microbiota intestinal; Coabitação; Alimentação

Área

Multiprofissional: nutrição

Instituições

Universidade Federal de São Paulo - São Paulo - São Paulo - Brasil

Autores

Renata Rodrigues Teixeira, Laila Santos de Andrade, Natalia Barros Ferreira Pereira, Christian Hoffmann, Lilian Cuppari