Título
INFECÇAO DE CATETER DE HEMODIALISE POR ACHROMOBACTER XYLOSOXIDANS EM PACIENTE IMUNOCOMPETENTE: RELATO DE CASO E REVISAO DE LITERATURA
Introdução
A infecção relacionada ao cateter de diálise é uma das principais causas de morbimortalidade em pacientes com doença renal crônica (DRC) em hemodiálise (HD). Infecção por Achromobacter xylosoxidans é rara em pacientes em HD, porém nos últimos anos, tem se tornado um patógeno emergente que apesar da baixa virulência, apresenta elevada mortalidade. A maioria dos casos na literatura são descritos em pacientes com alguma forma de imunossupressão, geralmente malignidades hematológicas, em quimioterapia, HIV, portadores de fibrose cística ou recém-nascidos prematuros.
Material e Método
Descrição de apresentação clínica e condução terapêutica de infecção de cateter causada por patógeno incomum em pacientes em HD.
Resultados
Paciente masculino, 56 anos, portador de DM2, insuficiência cardíaca de etiologia isquêmica e DRC dialítica há 1 ano. Clinicamente bem, sem patologias descompensadas, internação hospitalar ou uso de antibiótico (ATB) recente. Evolui nos dias de HD, após as sessões, com calafrios, sudorese e febre não sustentada. Após 10 dias de sintomas e 02 pares de hemocultura negativas, flagrada bacteremia durante HD com coleta de HMC pareada com positivação para Achromobacter xylosoxidans (em 14 horas na via do cateter permanente e em 20 horas em via periférica). Paciente vinha em tratamento antimicrobiano com vancomicina e amicacina conforme protocolo institucional há 16 dias, com manutenção de sintomas a despeito de antibiograma mostrar sensibilidade a aminoglicosídeo. Realizado novas HMC com manutenção de positividade do patógeno. Optado, então, pela troca do dispositivo por cateter de diálise de curta duração, além de mudança de esquema terapêutico para sulfametoxazol-trimetropim. Após 14 dias de tratamento, paciente não apresentava mais sintomas, com HMC no final e após 15 dias de término de ATB negativas e ecocardiograma sem sinais de endocardite.
Discussão e Conclusões
Infecções humanas com A. xilosoxidans são raras. Em pacientes em HD são ainda menos descritas, sendo relatadas em sua maioria como infecções nosocomiais em pacientes com algum tipo de imunossupressão. Para o tratamento, a escolha do antimicrobiano adequado é fundamental, uma vez que a maioria apresenta resistência intrínseca a cefalosporinas de 1ª e 2ª geração, aminoglicosídeos e penicilinas. Porém, tem se mostrado suscetível a sulfonamidas, carbapenemicos, penicilinas de amplo espectro e cefalosporinas de 3ª geração. Apesar de não ser obrigatório, a retirada do cateter é recomendada pela alta capacidade de formação de biofilme.
Palavras Chave
Hemodiálise; Doença renal crônica; Infecção de cateter
Área
Multiprofissional: enfermagem
Instituições
Clínica de Doenças Renais - CDR - Campinas - São Paulo - Brasil
Autores
Agnes Neves Santos