Dados do Trabalho
Título
PERFIL CLINICO E SOBREVIDA DE PACIENTES SUBMETIDOS A TRATAMENTO CIRURGICO DE CANCER DE PULMAO – EVIDENCIA ATUAL DO REGISTRO BRASILEIRO DE CANCER DE PULMAO.
Objetivo
A sobrevida do câncer de pulmão pode variar de acordo com características populacionais e regionais. O objetivo deste estudo é relatar dados coletados em uma base prospectiva de pacientes submetidos à cirurgia curativa para câncer de pulmão no Brasil.
Método
Foram coletados dados de pacientes com câncer de pulmão não pequenas células submetidos à tratamento cirúrgico de 2009 a 2022. Os dados foram extraídos do banco de dados do Registro Brasileiro de Câncer de Pulmão armazenado em plataforma digital RedCap. As informações coletadas são referentes às variáveis demográficas, cirúrgicas, histológicas e de seguimento pós-operatório.
Resultados
Dentre 11 instituições participantes 2.410 pacientes foram analisados. O sexo feminino foi predominante com 55,4%dos casos. 82,2% caucasianos, com idade média de 63,54 anos. A maioria dos pacientes (68,9%) apresentava história de tabagismo, porém 40,9% das mulheres nunca fumaram. Pacientes tratados na saúde suplementar representaram 50,5% da casuística e 82,7% desses apresentavam ECOG 0 na avaliação pré-operatória. Dentre os pacientes da saúde pública apenas 53,4% apresentavam ECOG 0 (p=0,001). A pontuação de Charlson média da população geral foi de 4,75. História prévia de outra neoplasia esteve presente em 31,2% da população sendo o trato gastrointestinal (21,2%) o sítio primário mais frequente. A lobectomia (79,5%) foi a cirurgia mais realizada seguida pela segmentectomia anatômica (9,5%) e pneumonectomia (4,0%). Em 38,5% dos casos a cirurgia foi feita por videotoracoscopia, 38,3% por toracotomia e 23,2% com auxilio robótico. O subtipo histológico mais frequente foi o adenocarcinoma invasivo (58,7%), seguido pelo carcinoma epidermoide (14,4%), tumor carcinoide típico (10,4%) e carcinóide atípico (2,5%). Considerando o estádio patológico (8ª edição), 34,65% dos pacientes foram estádio IA (IA1: 9,9%, IA2: 16%, IA3: 8,7%). Pacientes com doença localmente avançada, estádio IIIA, representaram 10,83% da casuística. A sobrevida global em 5 anos foi de 71,55% (±0,014, IC 95%: 0.6853 - 0.7434). A sobrevida em 5 anos por estádio foi: IA1 95,5%, IA2: 85,7%, IA3: 72,2, IB: 76,5%, IIA: 67,1%, IIB:66,1%, IIIA 48%, IIIB: 36,3% (p=0,001). A sobrevida em 5 anos para pacientes do sexo masculino foi de 68% enquanto para pacientes do sexo feminino foi de 80,3% (p=0,001). Quando avaliada a gestão do serviço de saúde, pacientes provenientes do setor privado apresentaram uma sobrevida de 85% enquanto pacientes tratados no SUS 67,8% (p=0,001). Na análise multivariada considerando o estádio patológico e ECOG, o sexo feminino (HR 0,53 ±0,06 IC 95%: 0,42 – 0,68) e a assistência privada (HR 0,51 ±0,07 IC 95%: 0,38 – 0,69) se mantiveram como fatores de melhor prognóstico para a sobrevida em 5 anos.
Conclusões
Os resultados encontrados nessa população mostram uma correspondência com a literatura internacional. Fatores socioeconômicos estão diretamente relacionados a sobrevida e devem ser avaliados como pontos importantes para melhoria da assistência.
Área
Oncologia Torácica
Instituições
Hospital de Base - São Paulo - Brasil, ICESP- FMUSP - São Paulo - Brasil, Universidade Federal de Santa Catarina - Santa Catarina - Brasil, USP - Ribeirão Preto - São Paulo - Brasil
Autores
ESERVAL ROCHA JUNIOR, MARIANA RODRIGUES CREMONESE, LETICIA LEONE LAURICELLA, FABIO MAY DA SILVA, HENRIQUE NIETMANN, FEDERICO GARCIA CIPRIANO, PAULO MANUEL PEGO FERNANDES, RICARDO MINGARINI TERRA