Dados do Trabalho


Título

RESSECÇAO DE PAREDE TORACICA EM PACIENTES PEDIATRICOS

Objetivo

As lesões de parede torácica que necessitam de toracectomias e toracoplastias são incomuns na população pediátrica, enquanto os relatos sobre este tema não são numerosos na literatura. Dessa forma, é um grande desafio elaborar algoritmos de tratamento para que esses pacientes sejam tratados baseados em evidências científicas robustas. O objetivo deste estudo é analisar as toracectomias e toracoplastias realizadas na população pediátrica por doenças benignas e malignas em hospital universitário. Objetivos secundários incluem demonstrar os sinais e sintomas mais prevalentes nos pacientes, apresentar os achados histopatológicos encontrados e verificar a possível associação entre escoliose e: idade, área da lesão ressecada, número de costelas ressecadas e posição do tumor.

Método

Estudo observacional retrospectivo de pacientes entre 0 e 18 anos submetidos a ressecções da parede torácica em hospital universitário entre 2005 e 2021. Os prontuários dos pacientes foram revisados, sendo analisados dados clínicos pré-operatórios, dados relacionados aos procedimentos cirúrgicos de biópsia, quando houve, ressecção e reconstrução e dados pós-operatórios, como complicações precoces e tardias. Pacientes com dados incompletos foram excluídos do estudo. As variáveis descritivas contínuas foram apresentadas em média e desvio padrão, para distribuição simétrica, e mediana e intervalo interquartil, para distribuição assimétrica. As análises de associação foram realizadas por meio de regressão logística simples binária e teste de qui-quadrado de Pearson, teste exato de Fisher e teste qui-quadrado de Yates. O nível de significância foi estabelecido em p <0,05.

Resultados

Foram analisados 39 pacientes, com predomínio do sexo masculino e média de idade de 98 + 64 meses. Os sintomas mais comuns na apresentação foram dor torácica e dispneia; os sinais clínicos mais frequentes foram abaulamento da parede torácica e febre. Houve 17 (44%) pacientes submetidos a toracectomias com ressecção de costelas e partes moles e 22 (56%) com apenas ressecção de partes moles da parede. Foram mais frequentes os tumores malignos primários. Apenas um terço dos pacientes foram submetidos a biópsia incisional prévia a cirurgia definitiva. Houve um predomínio de sarcomas entre os tumores malignos. A técnica de toracoplastia mais empregada foi o fechamento primário sem próteses sintéticas. As complicações de sítio cirúrgico (7,8%) foram mais frequentes que as respiratórias (5,2%). A prevalência de escoliose no seguimento foi de 8 pacientes (25,8%), havendo uma associação entre escoliose e o número de costelas ressecadas, assim como entre a escoliose e a localização posterior da massa tumoral no tórax (P<0,05).

Conclusões

As ressecções são seguras em pediatria. Encontramos uma amostra com características semelhantes à da literatura, onde demonstramos achados relevantes para essa população, como a associação entre o número de costelas ressecadas e a localização da lesão no tórax como um fator de risco para o desenvolvimento de escoliose no seguimento pós-operatório. Em contrapartida, algumas variáveis como idade do paciente no momento do procedimento e a área da lesão ressecada não se associaram ao aparecimento de escoliose.

Área

Deformidades da Parede Torácica

Instituições

Hospital da Criança Santo Antônio - Rio Grande do Sul - Brasil, Universidade Federal do Rio Grande do Sul - Rio Grande do Sul - Brasil

Autores

JULIO DE OLIVEIRA ESPINEL, FILIPE DIÓGENIS DA CUNHA PEREIRA, CRISTIANO FEIJÓ ANDRADE