Título

ANALISE DA SOBREVIDA E FATORES INFLUENCIADORES NA RECIDIVA DE PACIENTES SUBMETIDOS AO TRATAMENTO CIRURGICO DE NEOPLASIA PRIMARIA DO PULMAO.

Objetivo

A ressecção cirúrgica é o tratamento recomendado para pacientes em estadio inicial do câncer de pulmão não pequenas células (CPNPC). Porém, mesmo após a cirurgia curativa uma parte destes pacientes evoluem com recorrência tumoral. O objetivo deste trabalho é avaliar a sobrevida e fatores associados com a recorrência tumoral em pacientes submetidos ao tratamento cirúrgico curativo do câncer de pulmão

Método

Estudo transversal que avaliou pacientes submetidos a tratamento cirúrgico para câncer de pulmão em um hospital terciário de março de 2002 a dezembro de 2022. Os dados foram coletados através do banco de dados do Registro Brasileiro de Câncer de Pulmão no REDCap. Foram obtidas variáveis clínicas e patológicas, sendo o desfecho primário a recorrência tumoral.

Resultados

Foram estudados 702 pacientes, dos quais 381 (54,3%) eram do sexo feminino, a idade média foi de 63,9 anos e 520 (74,6%) apresentavam história de tabagismo. Quinhentos e sessenta e cinco (80,8%) foram submetidos à lobectomia, 51 (7,3%) à segmentectomia anatômica e 39 (5,6%) à pneumonectomia. O subtipo histológico mais frequente foi o adenocarcinoma invasivo (395; 56,4%), seguido pelo carcinoma de células escamosas (135;19,3%), tumor carcinóide típico (64; 9,1%) e tumor carcinóide atípico (26; 3,7%). A frequência do estadiamento patalógico TNM 8ª edição foi: I (54,9%), II (20,7%), III (19,8%) e IV (2,3%). A taxa de recidiva global foi de 26,3% sendo 8,9% de recidiva local e 17,3% de recidiva a distância. A sobrevida livre de doença em 5 anos foi de 66.31% (± 0.0218, IC 95%: 0.6184 - 0.7039). A mediana de tempo de recorrência foi de 18,83 meses. O principal sítio de recorrência foi pulmonar (30,7%) sendo o pulmão ipsilateral o mais acometido (58,8%). Dentre os sítios de recorrência a distância o mais frequente foi sistema nervoso central. Na análise univariada houve significância na frequência de recidiva quanto ao estádio patológico, ao grau de diferenciação tumoral, invasão pleural e invasão angiolinfática (p<0,001). Não foi evidenciada diferença significativa quando analisado o subtipo histológico de adenocarcinoma (p=0,21) e a presença de STAS (p=0,14). Durante o seguimento 194 foram à óbito, sendo que 44,9% tiveram à causa da morte associada à recorrência do câncer de pulmão, 44,3% foi uma causa não oncológica e 10,8% foram associados a um segundo tumor primário. Dentre as causas não oncológicas a etiologia mais frequente forma quadros infecciosos (63%). A sobrevida global em 5 anos foi de 65,8%.

Conclusões

A casuística evidencia taxas de recidiva e mortalidade similar ao reportado na literatura internacional. A recorrência a distância é o padrão predominante e fatores como estádio e grau de diferenciação tumoral são fatores influenciadores diretos.