Título

EXANTERAÇAO CERVICO-TORACICA ASSOCIADO A TRAQUEOSTOMIA MEDIASTINAL

Objetivo

Descrever o tratamento cirúrgico (exanteração cérvico-torácica) realizado em conjunto com a cirurgia de cabeça e pescoço em paciente já operado previamente com recidiva local da doença (cervical) no traqueostoma prévio.

Relato do Caso

Relato do caso: Este trabalho relata a evolução de um paciente do sexo masculino, tabagista prévio (carga tabágica de 25 anos/maço) com diagnóstico de CEC de laringe. Realizada terapia neoadjuvante prévia com baixa resposta clínica e submetido a laringectomia total pela equipe de Cirurgia de Cabeça e Pescoço da referida instituição. Durante o seguimento pós-operatório evidenciou-se a presença de alteração cutânea na parede lateral esquerda do traqueostoma, altamente suspeito para recidiva local da doença, com tomografia de pescoço corroborando tais achados. Realizada biópsia local e PET-CT os quais confirmaram recidiva tumoral sem evidência de doença metastática à distância.

Prontamente este paciente foi encaminhado para avaliação conjunta pela cirurgia torácica e indicado tratamento cirúrgico local oncológico, com planejamento de exanteração cervico-torácica e confecção de traqueostoma mediastinal após utilização do musculo peitoral maior à direita como área de enxerto para confecção final do traqueostoma (rotação da musculatura peitoral maior). Tal procedimento foi realizado no Hospital de Caridade da cidade de Florianópolis em março de 2022.

Após o tratamento cirúrgico o paciente recebeu alta hospitalar no 10º dia após o procedimento, com boa evolução clínico cirúrgica e adequado controle oncológico até o presente momento.

Conclusão: A exanteração cervico-torácica é um procedimento radical para remover tecidos do pescoço e mediastino e reconstruir o trato aero-digestivo para o tratamento ou paliação dos sintomas resultantes de malignidades localmente invasivas da traqueia, esôfago ou tireóide, ou estenose benigna da região após a radiação tratamento. As complicações potenciais do procedimento são significativas, incluindo deiscência da anastomose, deiscência do estoma traqueal, erosão da artéria inominada e necrose do retalho, todas as quais podem resultar em morte. No entanto, ao remover todos os órgãos afetados e o tecido nodal circundante, esse procedimento pode fornecer a única oportunidade de cura para malignidades localmente invasivas ou recorrentes das vias aéreas superiores e do esôfago cervical. A seleção cuidadosa do paciente é fundamental para alcançar bons resultados.