Título

A RELEVANCIA DA IL-10 COMO BIOMARCADOR DA FUNCIONALIDADE DO TRANSPLANTE PULMONAR: UMA REVISAO SISTEMATICA

Objetivo

Analisar a importância da IL-10 como biomarcador no monitoramento e prognóstico da manutenção da função em pacientes receptores de transplante pulmonar, pois a taxa de sobrevida após o 5º ano de transplante é, em média, 51% devido a rejeições do enxerto, segundo a Associação Brasileira de Transplante de Órgãos.

Método

Utilização da PUBMED e do BVS como plataformas de busca, com os descritores "Lung transplantation ", "IL-10", unidos pelo booleano AND. Os critérios de inclusão foram entre 2017 e 2023, estudos em humanos, texto completo, nos idiomas português e inglês, sendo os de exclusão: artigos de revisão, revisão sistemática, estudo piloto e meta-análises. Na PUBMED, foram encontrados 86 resultados e 177 artigos na BVS. Após o filtro dos estudos duplicados, 201 estudos foram selecionados. Na primeira triagem, foram selecionados 69 artigos correspondentes ao tema. Na segunda seleção, a escolha de 18 artigos com base nos resumos. Na terceira eleição,12 artigos foram eleitos conforme relevância. No âmbito clínico-laboratorial, a população de estudo foram pacientes de transplante pulmonar, com exclusão de: menores de 18 anos, transplantados combinados, retransplantados e submetidos a estudos medicamentosos. Sobre o grupo validado, observou-se os pacientes pré-transplante, pós-transplante sem rejeição e com rejeição aguda e crônica.

Resultados

7 artigos apresentaram aumento da IL-10, porém 6 a consideraram como um possível biomarcador, relacionando esse aumento a complicações específicas. Três artigos apresentaram diminuição de IL-10, analisando-a indiretamente com a quantidade de linfócitos B, por exemplo. Um artigo mostrou elementos contraditórios e o outro indiferentes. Logo, os dados foram segmentados em dois grupos: o primeiro apontando a IL-10, após o transplante pulmonar, como notável e o segundo como não relevante. Ademais, o tipo de amostra tem o potencial de interferir nas informações. Exemplificando, dois artigos estudaram pacientes com a mesma síndrome, através de mesma técnica laboratorial, tendo notável diferença no tipo de amostra (biópsia versus sangue) tendo o primeiro considerado a IL-10 como biomarcador, enquanto que o segundo não. Além disso, o número de pacientes também foi discrepante, variando entre 10 e 322, bem como o nicho da complicação clínica, enquanto alguns analisaram a IL-10 na doença pulmonar obstrutiva crônica e outros na fibrose pulmonar, por exemplo.

Conclusões

Não há consenso sobre a relevância da utilização da IL-10, como biomarcador, no pós-transplante pulmonar. Apesar do seu papel imunossupressor, que auxilia na manutenção de uma resposta estável a nível celular, alguns autores afirmam que a alteração dessa citocina é insuficiente para a previsão do desenvolvimento de quadros decorrentes da rejeição ao enxerto de pulmão, por exemplo, a fibrose pulmonar. Desta feita, urge a realização de estudos mais robustos para que haja a aceitação da IL-10 como um potencial marcador biológico no direcionamento de condutas terapêuticas.