Dados do Trabalho


Título

UTILIZAÇAO DE TUBO T EM PACIENTES COM ESTENOSE LARINGOTRAQUEAL BENIGNA: EXPERIENCIA DE 48 ANOS

Objetivo

A obstrução mecânica das vias aéreas superiores pode ter origem congênita ou adquirida, e acometer a árvore traqueobrônquica de maneira extrínseca ou intrínseca, podendo as lesões terem origem neoplásica ou benigna. Nesse contexto, a utilização dos tubos traqueais em T é alternativa tática frequentemente utilizada no tratamento desses pacientes, proporcionando segurança e resolutividade, além de melhor qualidade de vida, sendo utilizados como tratamento único, pré, per ou pós-operatório.
Analisar a experiência do Serviço de Cirurgia Torácica do Hospital Universitário Antônio Pedro (HUAP-UFF) na utilização dos tubos em T em pacientes com estenose laringotraqueal de etiologia benigna (ELTB).

Método

Foram analisados 134 pacientes com ELTB submetidos à colocação de tubo em T, de fevereiro de 1974 a setembro de 2022, no Serviço de Cirurgia Torácica do HUAP-UFF. O banco de dados utilizado foi o Microsoft Access e a análise estatística feita no Microsoft Excel. Foram analisados: sexo, idade, doença de base, topografia da estenose, indicações, procedimentos associados e desfecho, incluindo complicações, evoluções clínicas e causas de óbito. Dos 134 pacientes, 101 (75%) são do sexo masculino e 33 (25%) do sexo feminino; a faixa-etária oscilou entre 7 e 36 anos com média de 32 anos. Quanto ao local, as lesões ocorreram na traqueia cervical em 80 pacientes (60%) , na subglote em 74 (55%), na traqueia intermediaria em 17 (13%) , na traqueia distal em 5 (4%) e na área supraglótica em 1 (1%). Constatamos ainda que 43 pacientes (32%) tinham lesões em mais de uma localização e 3 (2%) tinham traqueomalácia. Quanto à indicação observamos que em 30% dos casos a órtese foi utilizada no pré-operatório, em 25% no per-operatório, e em 24% no pós-operatório. É importante ressaltar que em 16% foi utilizada como tratamento único e 4% definitivo.

Resultados

Houve a formação de tecido de granulação em 42 pacientes (31%). Ocorreu edema de glote, laringe ou cordas vocais em 7 pacientes (5%), infecção local em outros 7 pacientes (5%) e fratura do tubo em 3 pacientes (2%). Um paciente evoluiu para óbito em consequência da obstrução do tubo.
Dos 134 pacientes, 115 tiveram alta assintomáticos e outros 22 pacientes (16%) tiveram resolução completa da estenose com utilização do tubo T como forma exclusiva de tratamento.
Dentre os 33 pacientes que utilizaram tubo T no per-operatório, 5 apresentaram reestenose e foram posteriormente abordados com procedimento endoscópico e permanecem com tubo T ou traqueostomia.
O tempo médio de permanência do tubo T dentre os pacientes que tiveram alta foi de 11 meses; dentre aqueles que utilizaram o tubo como forma de tratamento exclusiva a média foi de 15 meses.

Conclusões

A utilização de tubo em T nas estenoses laringotraqueais benignas é um procedimento seguro, com baixo índice de complicações, baixa mortalidade e alta resolutividade.

Área

Cirurgia das Vias Aéreas

Instituições

Hospital Universitário Antônio Pedro - Rio de Janeiro - Brasil

Autores

OMAR MOTÉ ABOU MOURAD, CAIO ARAÚJO DE SOUZA, CLARA ADARME DAVOLI DE OLIVEIRA, LUIZ FELIPPE JUDICE