Dados do Trabalho


Título

TECNICA PARA RECONSTRUÇAO DE CUFF ATRIAL EM ENXERTO PULMONAR COM LESAO VASCULAR POR EXTRAÇAO INADEQUADA DE PULMAO PARA TRANSPLANTE

Objetivo

Demonstração de técnica de reconstrução de cuff atrial de modo a permitir o transplante pulmonar de pulmões inviabilizados por lesão vascular devido a extração inadequada durante a captação de órgãos

Relato do Caso

Paciente do sexo masculino, de 29 anos, foi submetido ao transplante pulmonar bilateral por fibrose cística. Na captação dos pulmões a serem transplantados também foi extraído o coração, mas esse para outro receptor. Não foi possível margem adequada de “cuff” atrial para as veias pulmonares direitas. Disso, o pulmão direito a ser implantado tinha veias pulmonares completamente separadas.
Dadas as boas características globais de ambos pulmões, foi optado pela reconstrução de cuff atrial para seguimento ao transplante. Não era possível a sutura primária das duas veias pulmonares pelo cotos serem extremamente curto. Optamos por interposição de patch de pericárdio do doador às veias através de sutura contínua com fio inabsorvível monofilamentar. O resultado final foi um novo “cuff” de formato ovalado com pequeno excedente lateral de pericárdio, sendo uma técnica diferente das previamente descritas na literatura. A sutura do cuff reconstruído ao átrio esquerdo do receptor ocorreu sem intercorrências, e o transplante bilateral prosseguiu conforme técnica cirúrgica já consagrada. O paciente evoluiu sem complicações relacionadas às anastomoses vasculares. Tem atualmente seguimento de 14 meses de pós operatório de transplante.
Quando há coto de cuff atrial esquerdo exíguo em sua parede anterior, é possível o aumento de cuff com patch parcial do pericárdio do doador e sutura contínua. Se a margem é circunferencialmente exigua, é possível aumento circunferencial com pericárdio do doador em sutura contínua. No caso de separação completa de veias pulmonares superior e inferior, é realizada dissecção distal das veias para aumento de coto e, então, as duas veias separadas podem ser suturadas de modo a recriar um cuff único ovalado.
Devido a raridade dos casos, as complicações a longo prazo da reconstrução de cuff atrial são desconhecidas. Em uma série de 17 casos de reconstrução (Oto, 2006), nenhum paciente faleceu de complicações de anastomose venosa e a reconstrução não alterou a sobrevida de 5 anos. Órgãos com cuff atrial insuficiente são considerados como cirurgicamente marginais ao transplante. Ressalta-se a importância da difusão da factibilidade da reconstrução para aumentar o aproveitamento de órgãos doados a serem utilizados.

Área

Pneumopatias Avançadas

Instituições

Hospital Israelita Albert Einstein - São Paulo - Brasil

Autores

EVELYN SUE NAKAHIRA, FERNANDA YOU CHIE CHENG, EMILY MIE ARAI, THIAGO CARVALHO GAUDIO, GUSTAVO NIANKOWSKI SALIBA, GUILHERME VIERA CARVALHO, OSWALDO GOMES JR, MARCOS NAOYUKI SAMANO