Dados do Trabalho


Título

PNEUMONIA COMUNITARIA COMPLICADA NA INFANCIA, QUANDO CHAMAR O CIRURGIAO TORACICO? - ANALISE DE 21 CASOS CONSECUTIVOS

Objetivo

A pneumonia acomete grande parte do público pediátrico. O objetivo do estudo é observar o perfil dos pacientes pediátricos submetidos a toracotomia em nossa cidade, avaliando a abordagem tardia destes prolongando tempo de internação e morbidade.

Método

Analisou-se retrospectivamente prontuário de 21 pacientes pediátricos submetidos a toracotomia no HIFA Cachoeiro de Itapemirim de maio a outubro de 2022. Os pacientes tinham idade entre 0 e 12 anos, sendo 12 femininos e 9 masculinos. Na abordagem cirúrgica realizou-se toracotomia póstero-lateral com decorticação pulmonar com ou sem procedimentos adicionais em pacientes sob anestesia geral e intubação orotraqueal. Ao final da cirurgia era posicionado um ou dois drenos, dependendo do caso, colocados em selo d'água. Em todos os casos foi coletado material para cultura e anátomo-patológico. Os dados foram categorizados em uma planilha do Microsoft Excel sendo tabulados e analisados a partir da estatística descritiva e inferencial.

Resultados

Dos 21 pacientes submetidos a toracotomia e decorticação pulmonar, 20 apresentavam encarceramento pulmonar (95%), 6 necrose pulmonar (29%), 3 fístula broncopleural (14%) e 1 derrame pleural loculado não empiema (5%). Procedimentos adicionais a decorticação foram necessários em 19 pacientes: pneumorrafia em 14; segmentectomia em 2; correção de fístula broncopleural em 2; lobectomia em 1. Apenas 1 paciente foi submetido a uso de fibrinolíticos em abordagem pré operatória, sem sucesso. Os resultados de culturas de líquido pleural coletado em intraoperatório, mostrou crescimento bacteriano em apenas 8 pacientes, sendo negativo em 13 pacientes. Apenas 1 paciente não foi submetido a toracotomia com drenagem pleural fechada em pré-operatório. O restante dos pacientes foram submetidos e em sua maioria mantiveram-se com dreno em torno de 9-11 dias. Após abordagem cirúrgica, a maioria dos pacientes permaneceu com dreno entre 2-4 dias. O tempo total de internação variou de 0 a 45 dias. Em 43% dos pacientes de 15-20 dias. O desfecho dos casos foi favorável após abordagem em 90% dos casos, com alta hospitalar com melhora clínica e seguimento ambulatorial. Dois pacientes (10%) vieram a óbito por complicações clínicas.

Conclusões

O derrame pleural parapneumônico se desenvolve associado a um quadro infeccioso de pneumonia. Ocorre em cerca de 40% dos casos de pneumonia em crianças hospitalizadas. Na decorticação pulmonar é removida a pseudomembrana que recobre a pleura visceral pois impede a expansão completa do lobo ou pulmão encarcerado, podendo a abordagem ser por cirurgia convencional ou videotoracoscopia. Indicada em pacientes com falha de tratamento clínico associado ou não a drenagem torácica ou toracocentese não resolutivas. A abordagem cirúrgica primária reduz tempo de internação se comparado a abordagem secundária, que traz maiores prejuízos nutricionais e complicações. Em nosso serviço nenhum paciente foi abordado de forma primária, percebendo-se que a ausência de um serviço específico de cirurgia torácica tornou as abordagens tardias, prolongando tempo de internação e morbidade dos pacientes, mostrando importância do acionamento precoce do cirurgião torácico para abordagens precoces e resolutivas.

Área

Afecções Pleurais

Instituições

Hospital Evangélico de Cachoeiro de Itapemirim - Espírito Santo - Brasil

Autores

JÚLIA FAZOLI DE CARVALHO MOTTÉ, VITOR SOUZA MACHADO, JOÃO FELIPE DA SILVA LOPES, CARLA APARECIDA DO NASCIMENTO MOZER, PAULO CASOTTI PENEDO