Dados do Trabalho


Título

ESTUDO DE FECHAMENTO DE FISTULA TRAQUEOCUTANEA COM MEDIÇAO DO DIAMETRO TRAQUEAL NA TOMOGRAFIA PRE-CIRURGICA E RELAÇAO COM AS COMPLICAÇOES POS-OPERATORIAS

Objetivo

Avaliar a tomografia computadorizada como fator preditor de sucesso para fechamento de fístula traqueocutânea e a relação do menor diâmetro traqueal com complicações pós-operatórias.

Método

Estudo prospectivo que incluiu pacientes com fístula traqueocutânea pós-decanulação de traqueostomia. Utilizou-se o banco de dados RedCap para armazenamento de dados. Pacientes foram submetidos a procedimento cirúrgico entre janeiro e dezembro de 2022, sob anestesia geral ou local. Foi utilizada a técnica descrita por Grillo e colaboradores para fechamento de orifício de traqueostomia em todos os casos.

Resultados

Foram incluídos 28 pacientes (16 mulheres/ 12 homens), com idade média foi de 43 anos (5-80 anos). Todos apresentaram comorbidades, 3 pacientes apresentaram mais de uma comorbidade clínica.

O tempo médio de intubação orotraqueal foi de 25 dias e o tempo médio de persistência da fístula traqueocutânea foi de 2 anos e 9 meses. Sete pacientes haviam realizado dilatação de estenose traqueal e 11 pacientes fizeram uso prolongado de tubo T. A média de tempo de uso de Tubo T foi de 4.18 anos (6 meses-7 anos). Quatro pacientes tinham antecedente de ressecção laringo-traqueal.

Em 11 pacientes a avaliação tomográfica demonstrou não haver estenose traqueal (>12mm diâmetro traqueal). Nestes casos o fechamento foi realizado sem avaliação endoscópica.
Em 17 casos havia dúvida em relação em diâmetro traqueal, ou evidência tomográfica de redução do lúmen da via aérea (<10mm). A Laringoscopia de Suspensão (LS) foi realizada em 14 pacientes e broncoscopia flexível em 3. A média do diâmetro traqueal na LS foi de 10.8mm (8mm-20mm).

Em 4 pacientes (17%) optou-se por não fechar o orifício de traqueostomia. Em 3 pacientes foram identificados lesões estenosantes na LS com tomografia com diâmetro traqueal de 4.8mm, 7mm e 6.8mm. Outra paciente apresentou crise de asma na indução anestésica, o procedimento foi suspenso e o diâmetro traqueal na tomografia foi de 5.6mm.

A média do diâmetro da lesão traqueal na tomografia de pescoço e tórax foi de 10.81mm (valor mínimo de 4.8mm e o máximo de 20.5mm), a média do diâmetro traqueal em pacientes que não apresentaram complicações foi de 10.11mm.

Quatro pacientes apresentaram complicações pós-operatórias. Um paciente apresentou seroma e tinha antecedente de DM1 e diâmetro traqueal na tomografia de 13.8mm. Outro tinha antecedentes de CIV com diâmetro de 8.3mm.
Um paciente apresentou abaulamento aéreo da cicatriz pós-operatória e tinha diâmetro traqueal na tomografia foi de 7.8mm. Um paciente apresentou dispnéia pós-operatória, porém resolvido com medidas para tratamento de DPOC. O diâmetro traqueal era de 8.5mm.

Conclusões

O estudo tomográfico pré-cirúrgico é um bom preditor do lúmen da via aérea. Nos casos em que a luz traqueal mensurada é > 12mm, não há necessidade de avaliação endoscópica.
Em caso de redução da luz traqueal na TC, a avaliação endoscópica deve ser realizada. Em 17% dos casos foram encontradas alterações que impediam o fechamento do orifício de traqueostomia.

Área

Cirurgia das Vias Aéreas

Instituições

Disciplina de Cirurgia Torácica da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo - São Paulo - Brasil

Autores

GABRIELA KATHERINE ZURITA-AGUIRRE, ISABELE ALVES CHIRICHELA, PAULA DUARTE D`AMBROSIO, BENOIT JACQUES BIBAS, HELIO MINAMOTO, PAULO FRANCISCO GUERREIRO CARDOSO, PAULO MANUEL PÊGO-FERNANDES