Dados do Trabalho


Título

TRAQUEOPLASTIA: SERIE DE CASOS

Objetivo

O presente artigo visa descrever - quantitativamente e qualitativamente - os casos de estenose traqueal abordados pela Equipe do Serviço de Cirurgia Torácica do Hospital Santa Casa de Belo Horizonte (HSCBH) no período de janeiro de 2021 a janeiro de 2023, correlacionando-os com referências da literatura, com o contexto vivido da pandemia COVID-19 e com individualidades dos pacientes.

Relato do Caso

Entre janeiro de 2021 e janeiro de 2023, foram realizados 77 procedimentos cirúrgicos traqueais em 47 pacientes pela Equipe de Cirurgia Torácica do HSCBH. Destes 32 dilatações de estenose traqueal por broncoscopia rígida; 20 ressecções traqueais seguidas de anastomose; 11 cauterizações endoscópicas seguidas de dilatação com broncoscópio rígido; 6 correções de fístula traqueocutânea; 3 ressecções traqueais com anastomose e confecção de traqueostomia; 3 confecções de traqueostomia no local da estenose traqueal; 1 retirada de tubo em T de Montgomery; e 1 posicionamento da cânula de traqueostomia em paciente portadora de fístula traqueoesofágica.
As 11 cauterizações endoscópicas seguidas de dilatação por broncoscopia rígida foram realizadas em 9 pacientes diferentes. Dentre esses 9 pacientes, 4 deles obtiveram resolução sintomatológica da estenose traqueal; 2 apresentaram recidiva com necessidade de traqueoplastia; 2 perderam seguimento; e 1 ainda está em acompanhamento para avaliação da decanulação.
Dentre os pacientes com estenose traqueal, 11 não possuíam traqueostomia e foram submetidos a dilatações por broncoscopia rígida seriadas, até obter condições locais para abordagem cirúrgica definitiva. O número de procedimentos necessários até a traqueoplastia variou entre 1 e 5, com média de 1,9 dilatações por paciente.
Apenas 3 pacientes foram submetidos à confecção de traqueostomia logo após o diagnóstico da estenose, devido às suas condições clínicas.
No período estudado, foram realizadas 23 traqueoplastias ao total na SCBH, sendo 3 delas com confecção de traqueostomia a jusante. Na maioria dos pacientes, utilizou-se a incisão cervical em colar (91,3%), um paciente teve abordagem cervicomediastinal com incisão em forma de T e um paciente foi submetido a toracotomia póstero lateral direita para correção de estenose traqueal localizada próxima à carina. Em nenhum dos casos foi necessário manobras de liberação laríngea supra-hióide ou liberação pericárdica. Nos casos de estenose comprometendo a cartilagem cricóide, realizou-se cricoidoplastia pela técnica descrita por Camargo e Pinto Filho.
Tres pacientes foram submetidos ao procedimento para ressecção de tumor traqueal.
Os 3 pacientes que foram submetidos a ressecções traqueais com anastomose e confecção de traqueostomia tinham comprometimento da cartilagem cricóide e estenoses mais longas, entre 5 e 6 cm.
A incidência de complicações após traqueoplastia foi de 12,5% e incluiu: infecção superficial de sítio cirúrgico (2 pacientes), enfisema subcutâneo após manobra de Valsalva (1 paciente) e deiscência anastomótica da parede anterior (1 paciente). Nenhum desses casos necessitou de reintervenção cirúrgica, sendo todos tratados apenas com observação e antibioticoterapia.

Área

Cirurgia das Vias Aéreas

Instituições

Hospital Santa Casa de Belo Horizonte - Minas Gerais - Brasil

Autores

MARCELO DE ALENCAR RESENDE, LEONARDO CRUZ PEIXOTO, FABIANA SERENO ALVES