Dados do Trabalho


Título

ESTADIAMENTO INVASIVO DO MEDIASTINO EM PACIENTES SUBMETIDOS AO TRATAMENTO CIRURGICO DE CANCER DO PULMAO

Objetivo

1. Analisar a frequência e a forma como o estadiamento invasivo do mediastino (EIM) foi realizado em uma série de pacientes submetidos ao tratamento cirúrgico de câncer de pulmão, e como esta frequência se comportou ao longo dos últimos 13 anos.
2. Identificar variáveis associadas à realização ou à não realização do estadiamento invasivo do mediastino, mesmo tendo critérios que indicassem a sua realização.
3. Avaliar o impacto da realização do estadiamento invasivo do mediastino na sobrevida global e na sobrevida livre de doença.

Método

Estudo retrospectivo observacional de pacientes incluídos no Registro Brasileiro de Câncer de Pulmão (RBCP), uma base multicêntrica que coleta dados de pacientes operados por neoplasia maligna primária do pulmão com intenção curativa, no período de 2009 a 2021. Os pacientes com tumores carcinoides brônquicos foram excluídos. Tumor ≥ 3 cm no maior diâmetro; linfonodos positivos na TC de tórax (≥1cm no menor diâmetro); linfonodos positivos no PET-CT foram considerados critérios para indicação de EIM. Foi avaliada a frequência de realização do estadiamento invasivo do mediastino ao longo do período do estudo, bem como a frequência das diferentes modalidades de estadiamento invasivo empregadas. Analisamos a associação entre as variáveis sexo, fonte pagadora, ASA, índice de Charlson, tabagismo, tipo histológico, linfonodos positivos na TC e no PET-CT, idade, e tamanho do tumor com a realização ou não realização do estadiamento invasivo do mediastino. Utilizamos regressão logística múltipla para calcular a chance de realizar EIM conforme as variáveis que mostraram associação significativa. Calculamos o impacto de realizar o estadiamento invasivo do mediastino na sobrevida global e na sobrevida livre de doença.

Resultados

Foram incluídos 1538 pacientes, dos quais 631 (41%) pacientes tinham pelo menos um critério para EIM. 290 (45,9%) foram submetidos ao EIM. A principal forma de EIM neste grupo foi o EBUS (56,2%), seguido pela mediastinoscopia (52,7%), EUS (4,1%), VATS (3,8%), VAMLA (0,7%) e biopsia de linfonodo supraclavicular (0,4%). No período de 2009 a 2015 a mediastinoscopia foi o exame mais realizado (62,4%), seguido pelo EBUS em 30,1% dos casos, no período subsequente (2016 a 2021) o EBUS foi realizado em 58,8% e a mediastinoscopia em 33,5% dos casos. A probabilidade de realizar EIM foi significativamente maior nos pacientes do SUS (OR 5,55); tabagistas (OR: 1,81), e com linfonodos positivos no PET-CT (OR 7,42). O tamanho do tumor > 3 cm não se correlacionou com maior frequência de realização do EIM. A sobrevida global em 5 anos foi de 65,7% para quem fez EIM, e de 59,3% para quem não fez EIM (p = 0,17). A sobrevida livre de doença em 5 anos foi de 52,1% para quem não fez EIM, e de 58.7% para quem fez EIM, com p = 0,68.

Conclusões

O EIM do mediastino não é realizado na maioria dos casos. O EBUS foi a principal ferramenta para o EIM, com frequência crescente nos últimos anos. Pacientes do SUS, tabagistas, e com linfonodos captantes no PET-CT tiveram maior chance probabilidade de realizar o EIM. O tamanho do tu ≥ 3m não foi considerado na indicação para EIM. A realização do EIM não influenciou as taxas de sobrevida global e livre de doença.

Área

Oncologia Torácica

Instituições

Registro Brasileiro de Cancer de Pulmão - São Paulo - Brasil

Autores

JEFFERSON LUIZ GROSS, ISABELA BARTELLI FONSECA, JOSÉ HENRIQUE AGNER RIBEIRO, JULIA NICIOLI, SILVANA SOARES DOS SANTOS, LETICIA LEONE LAURICELLA, RICARDO MINGARINI TERRA