Dados do Trabalho


Título

SESSAO PESADELO: COMPLICAÇAO GRAVE EM BRONCOSCOPIA DE VIGILANCIA POS TRANSPLANTE PULMONAR

Objetivo

Discussão de quadro pouco usual no pós transplante pulmonar com evolução para broncoespamo grave durante a broncoscopia de vigilância. Após esgotamento de todas as medidas clínicas, houve necessidade de realização de suporte extracorpóreo por membrana de oxigenação (ECMO) como medida extrema e salvadora.

Relato do Caso

Paciente do sexo feminino, 57 anos, com diagnóstico prévio de Linfangioleiomiomatose, submetida à transplante pulmonar bilateral em março de 2022 em nosso centro transplantador. Durante o pós operatório tardio, a paciente apresentou quadro de broncoespasmo pouco usual aos transplantados pulmonares, havendo necessidade de otimização de medicação broncodilatadora e corticóides inalatório em seguimento ambulatorial. Como rotina de vigilância em nosso programa, no 3° mês pós-transplante, a mesma foi submetida à broncoscopia, ainda que assintomática, para pesquisa de rotina microbiológica e biópsias transbrôquicas para pesquisa de rejeição celular aguda. À visão endoscópica detectado intenso enantema mucoso difuso com friabilidade ao toque, sem secreção nas vias aéreas. Durante o exame, realizado sob anestesia geral e intubação orotraqueal, a paciente apresentou sinais de broncoespasmo levando a interrupção do procedimento. Todavia, houve progressiva piora ventilatória com dessaturação, redução dos fluxos ventilatórios e intensa hipercapnia (pCO2 não mensurável) com acidose respiratória aguda grave (pH <7.0). Todas medidas clínicas foram tentadas, desde broncodilatadores inalatórios e venosos (incluindo teofilina), medidas anestésicas; porém sem sucesso. Diante da gravidade do quadro e evolução aguda, em paciente previamente estável, optamos pela instalação de ECMO veno-venosa femoro-jugular como medida extrema. Uma vez instalado o suporte e estabilizado o quadro, a paciente foi enviada à unidade de terapia intensiva. Realizamos a redução paulatina do pCO2 através do controle do sweep gas, com controle da acidose respiratória em menos de 24 horas do início do quadro. A paciente permaneceu em ECMO por um total de 5 dias, com melhora da sibilância, sendo extubada ainda em suporte e repetida a broncoscopia no 4° dia para definição de resposta à terapia antimicrobiana (após o crescimento de Pseudomonas aeruginosa e Burkholderia spp. além de galactomanana elevada em lavado broncoalveolar coletado no dia do evento). No novo exame endoscópico, melhora importante do quadro inflamatório das vias aéreas, permitindo o explante do suporte de forma segura. Após completar a terapia, a paciente apresentou alta sem outras complicações. No momento, encontra-se com um ano de sobrevida pós transplante, sem sinais de disfunção crônica do enxerto, no entanto ainda com broncoespamo, apesar de melhor controlado clinicamente.

Área

Pneumopatias Avançadas

Instituições

Instituto Nacional de Cardiologia - Rio de Janeiro - Brasil

Autores

CAIO CÉSAR BIANCHI DE CASTRO, ANDERSON FONTES, PATRICIA F GUERRA FAVERET, GABRIEL SANTIAGO