Título

FISTULA TRAQUEOINOMINADA POS TRAQUEOPLASTIA CERVICAL: RELATO DE CASO

Objetivo

A fístula traqueoinominada é um evento raro porém catastrófico, com elevados índices de mortalidade. A experiência da equipe cirúrgica costuma ser restrita, o que também limita o reconhecimento precoce e o sucesso do tratamento. Considerando nossa experiência como um hospital de referência para cirurgia torácica, descrevemos o caso de tratamento cirúrgico bem-sucedido de fístula traqueoinominada em uma paciente com múltiplas comorbidades, submetida a traqueoplastia cervical devido estenose traqueal secundária à ventilação mecânica prolongada após infecção por COVID-19.

Relato do Caso

As cirurgias traqueais geralmente são seguras e apresentam bons resultados pós-operatórios. A fístula traqueo-arterial, geralmente do tronco inominado, é uma complicação rara, porém com alta taxa de mortalidade, atingindo 100% dos casos não tratados cirurgicamente. Paciente feminina, 20 anos de idade, obesa, com diagnóstico de esquizofrenia paranoide, após infecção por COVID-19 e necessidade de ventilação mecânica prolongada evoluiu com estenose traqueal. Após realizada traqueoplastia cervical, paciente apresentou episódio de tosse, hemoptise e instabilidade hemodinâmica. Com o diagnóstico de muito provável fístula traqueo-arterial, paciente submetida a intervenção de urgência: realizada esternotomia e reabertura de cervicotomia, sendo identificada fístula traqueoinominada. O tronco inominado foi ligado em dois níveis: na emergência da croça da aorta e mais acima, junto da bifurcação da carótida direita/subclávia desse lado, preservando-se assim a perfusão do braço direito, comprovada por presença de pulso radial. A evolução inicial foi favorável com recuperação rápida da consciência e da atividade motora do membro superior direito. Na segunda semana, evoluiu com pequena fístula traqueocutânea, sem quadro infeccioso associado, sendo optado por tratamento conservador. Paciente apresenta boa evolução após 10 meses da abordagem cirúrgica, com fechamento completo por segunda intenção da fístula traqueocutânea. Atualmente realiza atividades de autocuidado e segue em reabilitação motora e nutricional, sem novos eventos do
ponto de vista respiratório.

Área

Cirurgia das Vias Aéreas