Título

TRATAMENTO CIRURGICO DA ESTENOSE TRAQUEAL CONGENITA COM SUPORTE EM ECMO EM PACIENTES PEDIATRICOS

Objetivo

Analisar a experiência do nosso serviço com utilização de oxigenação por membrana extracorpórea para suporte no tratamento cirúrgico de estenose traqueal congênita em pacientes pediátricos.

Método

Estudo retrospectivo abrangendo todos os pacientes pediátricos submetidos a tratamento cirúrgico de malformações traqueais congênitas com suporte em ECMO, entre os anos de 2017 e 2022. Realizada coleta de dados demográficos e de técnica cirúrgica, detalhes do suporte em ECMO, desfechos clínicos, complicações perioperatórias, necessidade de reabordagem e mortalidade.

Resultados

Entre 2017 e 2022, 6 pacientes foram submetidos a tratamento cirúrgico de malformações da traqueia com suporte em ECMO, sendo 2 do sexo feminino e 4 do sexo masculino. Todos eles apresentavam estenose congênita com anel traqueal completo ("O" ring). A média de idade para o diagnóstico foi de 12,6 meses, com mediana de 4 meses (variando de 0 a 59 meses). Três paciente apresentavam brônquio traqueal (pig bronchus) associado, e 4 deles apresentavam cardiopatias congênitas associadas, sendo que dois desses foram submetidos a tratamento cirúrgico pela Cirurgia Cardíaca Pediátrica antes da abordagem traqueal. A média de idade no momento do tratamento foi de 18,8 meses, com mediana de 5 meses (variando de 0 a 89 meses). De todos os 6 casos, 5 foram submetidos a cirurgia com suporte em ECMO VA (4 centrais, 1 periférico), e apenas 1 em ECMO VV. O tempo médio de ECMO foi de 5,3 dias, com mediana de 4 dias (variando de 3 a 9 dias). A técnica cirúrgica de slide traqueal foi utilizada em 5 casos, com 1 caso de ressecção e anastomose termino-terminal habitual. Apenas 1 paciente evoluiu com desfecho de óbito, sendo um dos pacientes que apresentavam malformação cardíaca associada, perfazendo 16% nesta série.

Conclusões

A estenose traqueal congênita é um diagnóstico raro e difícil de ser estabelecido, estando frequentemente associado a outras malformações, principalmente cardiovasculares. As taxas de morbimortalidade são elevadas, principalmente em pacientes com cardiopatias associadas. O tratamento cirúrgico é factível e pode ser realizado com assistência em ECMO. Para tal abordagem, uma equipe multidisciplinar especializada em cirurgia pediátrica cardiovascular e torácica devem trabalhar em conjunto.