Dados do Trabalho


Título

TIREOIDE ECTOPICA ENDOTRAQUEAL: RELATO DE UM CASO

Objetivo

A presença de tecido tireoidiano endotraqueal pode dever-se não somente à invasão tumoral tireoidiana, mas também à presença de tecido ectópico, sem invasão por contiguidade, sendo um achado pouco descrito na literatura. Este trabalho tem por objetivo relatar o caso de uma paciente que cursou com sinais de obstrução de via aérea alta, submetida a traqueostomia por dificuldade prévia de intubação orotraqueal, e que só obteve diagnóstico de tecido tireoidiano endotraqueal após avaliação endoscópica com biópsia.

Relato do Caso

Paciente do sexo feminino, 73 anos, ex-tabagista, com quadro de dispneia progressiva, que evoluiu para insuficiência respiratória, com necessidade de intubação orotraqueal e relato de dificuldade de progressão do tubo, com suspeita inicial de exacerbação de doença pulmonar obstrutiva crônica. Permaneceu em ventilação mecânica durante 30 dias, sendo posteriormente submetida a traqueostomia. Após a alta hospitalar, não apresentou sucesso em tentativa de decanulação por dispneia e estridor. Encaminhada então ao ambulatório de Cirurgia Torácica do Hospital das Clínicas da FMUSP para investigação. Exames de imagem evidenciaram lesão ovalada em luz traqueal. Broncoscopia e estudo anatomopatológico sugestivos de tecido tireoidiano ectópico endotraqueal. O caso foi discutido junto à equipe da Cirurgia de Cabeça e Pescoço, sendo optado pela realização de procedimento cirúrgico em conjunto. Internada eletivamente para o procedimento cirúrgico. Submetida a cervicotomia transversal com lobectomia tireoidiana direita tática para melhor exposição traqueal, com traqueotomia anterior para abertura e visualização da luz traqueal. Durante o procedimento, visualizada lesão endotraqueal séssil, sem invasão da parede traqueal ou comunicação com a tireoide. Congelação intraoperatória confirmou hipótese de tecido tireoidiano ectópico, sem sinais sugestivos de malignidade. Realizada então ressecção da lesão endotraqueal, ressecção de parede anterior da cartilagem cricoide (região de estenose) e anastomose tireotraqueal (Técnica de Pearson), sem intercorrências. Mantida cânula de traqueostomia prévia para proteção de via aérea. Paciente realizou pós-operatório em leito de UTI, sem complicações do ponto de vista respiratório, sem disfagia ou queixas de dispneia, sem uso de antibióticos ou corticoide. Encaminhada posteriormente para a enfermaria, cursando com melhora clínica gradual. Recebeu alta hospitalar no 6o dia de pós-operatório, em uso de traqueostomia, com região cervical em bom aspecto, sem sinais de complicações relacionadas ao procedimento. Manteve seguimento ambulatorial, sendo decanulada três meses após o procedimento cirúrgico, sem sinais de complicações ou recidiva da lesão.

Área

Cirurgia das Vias Aéreas

Instituições

HCFMUSP - São Paulo - Brasil

Autores

CAROLINA ADAN CAVADAS, MONIQUE OLIVEIRA CERANTO, PAULO FRANCISCO GUERREIRO CARDOSO