Dados do Trabalho


Título

RUPTURA TRAQUEAL IATROGENICA POS ENTUBAÇAO: ENFASE NO TRATAMENTO CONSERVADOR. SERIE DE CASOS

Objetivo

A ruptura traqueal iatrogênica pós entubação orotraqueal ou traqueostomia no manuseio das vias aéreas na emergência são lesões relativamente raras, com potencial de agravamento do quadro do paciente. O mecanismo da lesão permanece não muito esclarecido, podendo decorrer de laceração pela extremidade do tubo, de estilete mal posicionado ou hiperinsuflação do balonete; relatamos aqui uma série de casos, na quase totalidade tratada de forma conservadora com traqueostomia, posicionamento da cânula no leito da lesão e insuflação regrada do balonete de vedação.

Método

Análise de base de dados e revisão de prontuário de 10 (dez) pacientes; 7 femininos (70%), encaminhados à Unidade de cirurgia torácica do Hospital Walfredo Gurgel Natal/RN com suspeita de ruptura traqueal pós entubação de agosto de 2013 a dezembro de 2022. Pacientes com lesões traumáticas foram excluídos; coletamos dados demográficos, condições da entubação, topografia e tempo decorrido até o procedimento. Todos os paciente foram submetidos a endoscopia rígida e flexível sob anestesia tópica e sedação, em ventilação espontânea, para diagnóstico e avaliação da extensão da lesão. Tratamento conservador consistiu de traqueostomia com posicionamento no leito traqueal de uma cânula plástica do maior calibre viável com posicionamento da extremidade sempre que possível abaixo da laceração, insuflação parcimoniosa do balonete de vedação e continuidade do suporte ventilatório. Tratamento cirúrgico consistiu de toracotomia posterolateral direita alta pelo 4o. espaço intercostal com reparo da laceração e reforço com tecido mediastinal adjacente

Resultados

A idade dos pacientes avaliados variaram entre 16 e 82 anos, mediana de 74; a causa determinante da entubação foi rebaixamento do nível de consciência em 5 pacientes; PCR em 2; sepse em 2, TCE grave, tentativa de traqueostomia em 1. Em Todos os pacientes a lesão era longitudinal posterior à direita na junção da parede membranosa com a cartilagem, localizadas na traqueia superior em 01 paciente; na traqueia média em 04, na traqueia inferior e origem do brônquio principal direito em 05; 9 pacientes (90%) foram submetidos ao tratamento conservador, com a cânula posicionada no leito da lesão; a extremidade desta ficou posicionada abaixo da lesão em 04 pacientes, mas em 5 a lesão se estendia distal à cânula até a origem do brônquio principal direito. Apenas 1 paciente foi operado.
Três pacientes evoluíram para óbito, relacionados à sua condição subjacente, nenhum deles atribuído a progressão da lesão, pneumotórax e/ou dificuldade de ventilação; nos paciente sobreviventes documentamos cicatrização progressiva da lesão com resolução da ruptura e redução progressiva do enfisema mediastinal. Um paciente que evoluiu com derrame pleural teve boa resposta à drenagem pleural

Conclusões

Houve predomínio de pacientes do sexo feminino, idade avançada e portadores de condições graves com necessidade de suporte ventilatório prolongado; A conduta conservadora com traqueostomia posicionada no leito da lesão guiada por broncoscopia resultou em evolução favorável da lesão em todos os pacientes mesmo naquelas em posição distal com extensão até a origem do brônquio principal.

Área

Cirurgia das Vias Aéreas

Instituições

HOSPITAL MONSENHOR WALFREDO GURGEL HMWG/SESAP/RN - Rio Grande do Norte - Brasil, UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE - UFRN - Rio Grande do Norte - Brasil

Autores

ANNIE NOVAES ESTEVAO, HELIO BATISTA DE ARAUJO TERCEIRO, HUGO DE AMORIM OLIVEIRA, KAIO RODRIGO AZEVEDO CORTEZ, JOÃO DANIEL LIMA DOS SANTOS, RAMON DE SOUZA MENDES, JOÃO PAULO MORAIS MEDEIROS DIAS , HENRIQUE JOSE DA MOTA