Título

IMPACTO DA PANDEMIA DE COVID-19 NO DESENVOLVIMENTO DE ESTENOSE TRAQUEAL: UM ESTUDO RETROSPECTIVO

Objetivo

As estenoses traqueais têm como fator etiológico predominante a intubação orotraqueal prolongada, existindo divergências na literatura acerca do período a partir do qual a intubação orotraqueal deve ser convertida em traqueostomia. Sob essa óptica, durante a pandemia de COVID-19, doença viral cuja manifestação é, sobretudo, respiratória, foi necessária a intubação orotraqueal de parte significativa dos pacientes admitidos em ambiente hospitalar, muitas vezes por períodos prolongados. Assim, de forma empírica, aventou-se a possibilidade de aumento na prevalência de estenoses traqueais devido a esse fato, malgrado ainda existam poucos registros na literatura sobre o impacto da pandemia nesse valor. Destarte, o presente estudo apresenta como intuitos a identificação do impacto da pandemia de COVID-19 no desenvolvimento de estenose traqueal dentre os pacientes submetidos a traqueoplastia em um hospital terciário do estado de Pernambuco e a avaliação da existência ou não de mudanças no perfil dos pacientes submetidos a tal procedimento.

Método

Trata-se de um estudo observacional, do tipo coorte retrospectivo, revisando prontuários dos pacientes submetidos à traqueoplastia em um hospital terciário entre os anos de 2020 e 2022. As variáveis de análise foram: ano de admissão (2020, 2021 ou 2022) e presença de estenose traqueal pós-covid.

Resultados

Nesse período, 22 pacientes foram submetidos à traqueoplastia. Destes, 6 foram admitidos em 2020, 8 em 2021 e 8 em 2022. Quanto à presença de estenose traqueal pós-covid, foram identificados 7 pacientes, sendo 5 (71,42%) em 2021 e 2 (28,57%) em 2022.

Conclusões

A pandemia de COVID-19 predispôs à intubação de parcela considerável da população, resultando em aumento nos casos de estenose traqueal secundária a intubação orotraqueal prolongada, corroborando com a manutenção da predominância das estenoses traqueais pós-intubação dentre as causas. Nesse contexto, houve alteração do perfil dos pacientes internados, visto que anteriormente a tal evento, apesar de predominarem as estenoses pós tubo orotraqueal, as causas subjacentes à intubação variavam desde patologias de acometimento sistêmico, como doenças inflamatórias, intoxicações exógenas, até as de acometimento respiratório; ao passo que, após a pandemia, destaca-se a covid-19 como razão predominante para a intubação e da estenose traqueal benigna a esta associada.

Área

Cirurgia das Vias Aéreas