Dados do Trabalho


Título

COMPARAÇAO ENTRE LOBECTOMIA E SEGMENTECTOMIA ANATOMICA PARA O TRATAMENTO DO CANCER DE PULMAO NAO PEQUENAS CELULAS EM ESTAGIO INICIAL. ESTUDO RETROSPECTIVO COM DADOS DO REGISTRO BRASILEIRO DE CANCER DE PULMAO

Objetivo

Avaliar o resultado da segmentectomia em comparação com a lobectomia para o tratamento do câncer de pulmão em estágios iniciais em termos de sobrevida livre de doença, padrão de recorrência e complicações pós-operatórias.

Método

Foram avaliados casos do Registro Brasileiro de Câncer de Pulmão. Selecionados pacientes com diagnóstico de câncer de pulmão não-pequenas células em estádio inicial IA com tamanho menor ou igual a 2 cm na peça cirúrgica, submetidos a tratamento cirúrgico com intenção curativa por lobectomia ou segmentectomia anatômica. Os grupos foram comparados quanto a sobrevida livre de doença, recidiva, tempo de internação e complicações pós-operatórias. Os grupos de comparação foram definidos pela ressecção efetivamente realizada. Variáveis contínuas foram descritas como mediana e intervalo interquartil (IIQ)por não apresentarem distribuição normal. Foi realizada regressão de cox para identificar varíaveis mais relacionadas ao desfecho de sobrevida livre de doença.

Resultados

Foram incluídos 446 pacientes, 382 submetidos a lobectomia e 64 submetidos a segmentectomia anatômica. Os grupos apresentavam dados demográficos semelhantes, diferindo em idade (64,15 IIQ= 12,7 para Lobectomia e 67,5 IIQ=9,7, =0,015) e descritor T do estadiamento clínico pois grupo lobectomia apresentou tendência de apresentar descritores de maior classificação p=0,001. A mediana de seguimento foi de 28,45 meses para Lobectomia e 21,75 meses para segmentectomia. Não houve diferença na curva de sobrevida entre as duas técnicas (logrank = 0,33). A sobrevida livre de doença em 60 meses foi de 77% (IC 95% 0,70 - 0,83) para lobectomia e 88% (IC 95% 0,72 – 0,95) para o grupo Lobectomia HR=0,60 p=0,33. Os grupos também não diferiram em termos de morbidade (30,10% no grupo lobectomia e 32,81% no grupo segmentectomia, p=0,66), sendo a as complicações mais comuns escape aéreo por mais de 5 dias (7% para lobectomia e 6,25% para segmentectomia, p=0,8), enfisema de subcutâneo (5,2% lobectomia e 6,2% segmentectomia, p=0,76), constipação (4,9% lobectomia e 4,6% Segmentectomia, p= 0,9), pneumonia (3,93% lobectomia e 3,12% para segmentectomia, p=1). O tempo de internação foi maior no grupo lobectomia (4 IIQ=3 lobectomia e 3 IIQ= 3 segmentectomia, p<0,001) A mortalidade Operatória foi de 4 casos (1,05%)no grupo lobectomia e 0 no grupo segmentectomia, p=1. Não houve diferença estatística também em termos de recidiva (8,38% para lobectomia e 4,69% para segmentectomia, p=0,31). No grupo Lobectomia a recidiva local ocorreu em 3,31% dos casos e recidiva a distância em 5,51%. Já no grupo segmentectomia não houve recidiva local. Na análise multivariada os fatores idade (HR=1,04 95%IC 1,009 -1,08), insuficiência coronariana (HR= 4,0 95%IC 1,6 – 10,2), diabetes (HR= 1,9 95% IC 1,02- 3,84) e realização de EBUS (HR 4,19% 95%IC 1,92-9,16) estiveram relacionados ao desfecho sobrevida livre de doença. O tipo de ressecção não foi estatisticamente significativo (HR 0,4 95% IC 0,18 -1,33)

Conclusões

Nesse estudo não foi identificada diferença significativa na sobrevida livre de doença, taxa de recidiva e complicações pós-operatórias entre os grupos lobectomia e segmentectomia.

Área

Oncologia Torácica

Instituições

A.C. Camargo Câncer Center - São Paulo - Brasil, ICESP - São Paulo - Brasil, USP Ribeirão Preto - São Paulo - Brasil

Autores

RICARDO MINGARINI TERRA, ALBERTO JORGE MONTEIRO DELA VEGA, ESERVAL ROCHA JUNIOR, LETICIA LEONE LAURICELLA, JEFFERSON LUIZ GROSS, ‎LI SIYUAN, PAULO MANUEL PÊGO FERNANDES