Dados do Trabalho


Título

CIRURGIA DO CARCINOMA PULMONAR DE NAO PEQUENAS CELULAS COM INVASAO DA PLEURA VISCERAL (PL1/PL2): HA INDICAÇAO DE TERAPIA ADJUVANTE?

Objetivo

Sabe-se que a invasão da pleura visceral (IPV) no câncer de pulmão de não pequenas células (CPNPC) é considerada um fator de mau prognóstico, com implicações no tratamento, embora a indicação de terapia adjuvante pós-cirurgia continue controversa. A Associação Internacional para o Estudo do Câncer de Pulmão (IASLC) em 2008 classificou a IPV em PL1 e PL2, elevando o descritor T para tumores ≤ 3 cm de T1 para T2, e o estádio TNM de IA para IB, mas estudos recentes mostram que o PL1 tem prognóstico melhor que o PL2. O presente estudo tem como objetivo mostrar a abordagem terapêutica e os resultados de uma série de pacientes com CPNPC e com IPV (PL1 e PL2).

Método

Estudo retrospectivo de 35 pacientes CPNPC e com invasão da pleura visceral, operados no período de julho de 2015 a dezembro de 2022. Foram incluídos somente pacientes com tumor primário de pulmão, pT2a (IPV e < 4cm) pela 8a edição da classificação TNM da American Joint Committee on Cancer. Foram coletados os dados das variáveis gênero, idade, índice de massa corporal (IMC), tabagismo, comorbidades, função pulmonar (VEF1 e CVF), tipo de ressecção cirúrgica realizada, via de acesso, complicações e mortalidade cirúrgica, tipo histológico, tipo de invasão pleural (PL1 e PL2), estádio patológico, terapia adjuvante, e tempo de seguimento e sobrevida global. O tipo de invasão pleural foi revisado por dois patologistas e a análise estatística dos dados foi feita pelo software SPSS 22.

Resultados

Dos 35 pacientes, 65,7% eram do sexo feminino, média de idade de 65,83±9,6 anos, IMC de 27,2±4,1 kg/m2, 71,4% fumante ou ex-fumante, 80% com algum tipo de comorbidade, VEF1 % de 82,2% e CVF% de 88,5% do previsto. Foram feitas 33 (94%) lobectomias, 1 (2,9%) bilobectomia e 1 (2,9%) segmentectomia, das quais 32 (91,4%) por vídeo e 3 (8,6) por toracotomia aberta, com 14,3% de complicações e mortalidade cirúrgica zero. O tipo histológico mais frequente foi o adenocarcinoma, (82,9%), seguido pelo carcinoma epidermóide (17,1%). Quanto ao tipo de invasão pleural, 17 (48,6%) eram PL1, 10 (28,6%) PL2 e 8 IPV não definidos; o estádio patológico, IB (pT2a, pN0) = 29 (82,9%), IIB (pT2a, pN1) = 2 (5,7%) e IIIA (pT2a, pN2) = 4 (11,4%); a terapia adjuvante foi realizada em 18 (51,4%) pacientes (quimioterapia em 16 e terapia alvo em 2), sendo em 7 PL1, 6 PL2 e 5 IPV não definido. 30 pacientes foram seguidos por 35,7±18,5 meses, com sobrevida global de 83,3% (PL1=84,6%, PL2=100% e IPV não definido = 57,1%), p = 0,45), sem diferença entre os que realizaram terapia adjuvante e os que seguiram sem tratamento.

Conclusões

A quase totalidade das cirurgias foram feitas por vídeo, o tipo histológico predominante foi o adenocarcinoma, o sexo feminino, em tabagistas, com comorbidades associadas, mas com função pulmonar normal. Predominou a invasão pleural tipo PL1, o estádio patológico IB, e realizou-se terapia adjuvante em torno da metade dos casos. A sobrevida global em três anos foi alta (83,3%), sem diferença em relação ao tipo de invasão pleural e à realização de terapia adjuvante, provavelmente pelo pequeno tamanho da amostra.

Área

Oncologia Torácica

Instituições

Hospital de Messejana - Ceará - Brasil

Autores

ANTERO GOMES NETO, SARAH BEATRIZ MURITIBA DELGADO, MYLENA EVILYN SOUSA COSTA, DANIELLE CALHEIROS CAMPELO MAIA, NATHALIA SOUZA E SILVA, ISRAEL LOPES DE MEDEIROS, FÁBIO ROCHA FERNANDES TÁVORA