Título

SUBTIPO MICROPAPILIFERO COMO FATOR DE RISCO PARA METASTASE OCULTA DE LINFONODOS MEDIASTINAIS NO CANCER DE PULMAO (UPSTAGING LINFONODAL POS-OPERATORIO)

Objetivo

A presença de componente micropapilífero tem papel prognóstico nos pacientes com câncer de pulmão, com maior risco de recorrência e pior sobrevida. Esse subtipo também foi associado à maior incidência de metástase linfonodal oculta, cujo diagnóstico somente é realizado no pós-operatório. O objetivo primário deste trabalho foi avaliar a relação entre componente micropapilífero e upstaging linfonodal após tratamento cirúrgico do câncer de pulmão.

Método

Estudo transversal retrospectivo de 201 pacientes submetidos ao tratamento cirúrgico de câncer de pulmão no Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (ICESP) entre agosto de 2012 e junho de 2022. Foram selecionados pacientes nos estágios I e II, excluídos os casos em que os linfonodos eram positivos após estadiamento clínico e/ou invasivo no pré-operatório. Os dados clínicos e anatomopatológicos foram acessados através do banco de dados do serviço na plataforma RedCap.

Resultados

A amostra de pacientes era composta em sua maioria por pacientes do sexo feminino 132 (65%), idade média de 66 anos (±9,2 anos) e carga tabágica média de 34,9 maços-ano. Na análise univariada, não houve diferença entre os grupos de pacientes com componente micropapilífero ou não em relação à idade (p=0,76), sexo (p=0,39), diâmetro do tumor (p=0,95) ou estadiamento clínico (p=0,55), enquanto os pacientes com componente micropapilífero >5% tiveram carga tabágica menor (27,3 x 36,9 maços-ano, p=0,03). Na regressão múltipla não houve associação entre as variáveis e o subtipo micropapilífero. Na amostra, 15 pacientes (7,4%) tiveram metástase oculta para linfonodos mediastinais diagnosticados no pós-operatório e os tumores com componente micropapilífero >5% foram relevantes para esse desfecho (p=0,02). Na regressão múltipla, tanto carga tabágica (p=0,01) quanto o subtipo micropapilífero foram significantes (p=0,05) para o desfecho upstaging linfonodal.

Conclusões

A presença do subtipo micropapilífero está associado ao maior risco de metástase linfonodal oculta no mediastino e upstaging linfonodal no pós-operatório.