Dados do Trabalho


Título

AVALIAÇAO DOS RESULTADOS DE ESTADIAMENTO MEDIASTINAL INVASIVO POR MEDIASTINOSCOPIA PARA CANCER DE PULMAO NAO PEQUENAS CELULAS

Objetivo

O objetivo deste estudo é avaliar os resultados do estadiamento invasivo do mediastino para pacientes com câncer de pulmão não pequenas células de um centro de referência municipal em oncologia. Serão avaliadas as características que levaram à indicação da mediastinoscopia, bem como fatores preditivos para um resultado patológico positivo.

Método

Análise retrospectiva de todos os pacientes com diagnóstico de câncer de pulmão não-pequenas células e que foram submetidos a mediastinoscopia cervical para estadiamento. Foi realizado o levantamento de dados clínicos, radiológicos e patológicos através da análise do prontuário eletrônico. Os casos foram agrupados de acordo com a indicação que levou à realização da mediastinoscopia: grupo 1 para pacientes com suspeita radiológica de acometimento N2 ou N3 e grupo 2 para pacientes operados para pesquisa de doença N2 oculta.

Resultados

Foram realizadas 38 mediastinoscopias para o estadiamento clínico do câncer de pulmão no período de janeiro de 2020 a janeiro de 2023. A mediana de idade dos pacientes foi de 67 anos, sendo 50% de cada sexo. A mediana de tamanho do tumor pulmonar foi de 5,2cm (intervalo interquartil = 4,3-6,5cm) e da intensidade de captação de FDG no PET-CT foi 15,9 (10,5-20,6). O tamanho mediano dos linfonodos mediastinais foi de 0,95cm (0,7-1,2) e a captação no PET-CT foi de 4,6. O estadiamento clínico mais prevalente antes da mediastinoscopia foi IIIA em 52,6% dos casos, seguido pelo IIIB com 26,3%. Houve indicação para realização da mediastinoscopia devido a suspeita de doença N2 ou N3 (grupo 1) em 50% e em outros 50% a indicação foi para pesquisa de doença mediastinal oculta (grupo 2).
Após a mediastinoscopia, foi confirmada metástase para linfonodos N2 em 23,7% dos casos. No grupo 1 ocorreu a confirmação patológica da doença mediastinal em 36,8% dos casos, enquanto no grupo 2 foi de 10,5%. Houve alteração no estadiamento em 47,4%, sendo 42,1% downstaging e 5,3% upstaging. No grupo 1, houve downstaging para N0 em 63,2% dos casos. No grupo 2 ocorreu upstaging para N2 em 10,5% e downstaging para N0 em 21,0%. Pacientes que tiveram doença N2 confirmada na mediastinoscopia tiveram intensidade de captação mais alta nos linfonodos mediastinais (SUV 8,1 vs 3,8; p=0,07). Na análise gráfica pela curva ROC os melhores resultados para predição de doença N2 ocorreram quando os valores de captação dos linfonodos foram maiores ou iguais a 8,1, apresentando sensibilidade de 55,6% e especificidade de 93,1%. A área calculada embaixo da curva ROC foi de 0,70. O tamanho e a intensidade de captação do tumor, posição ou o tamanho dos linfonodos não tiveram associação com resultado positivo da mediastinoscopia.

Conclusões

A realização da mediastinoscopia para confirmação de doença N2 teve resultados positivos em 36,8% dos casos, sendo a intensidade de captação dos linfonodos no PET-CT um importante fator associado com os resultados positivos na patologia. Há um aumento da especificidade do PET-CT para acometimento linfonodal quanto mais alto o valor de captação.

Área

Oncologia Torácica

Instituições

Hospital Israelita Albert Einstein - São Paulo - Brasil

Autores

FABIO EITI NISHIBE MINAMOTO, BRUNA BRANDÃO REZENDE, MARIANA RODRIGUES CREMONESE, OSWALDO GOMES JUNIOR, BENOIT JACQUES BIBAS, RICARDO MINGARINI TERRA