Título

PRATICAS E TENDENCIAS EM CIRURGIA DAS VIAS AEREAS: UMA PESQUISA DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE CIRURGIA TORACICA

Objetivo

A Sociedade Brasileira de Cirurgiões Torácicos (SBCT) realizou uma pesquisa on-line para determinar o número de cirurgiões que realizam cirurgias de vias aéreas em adultos e crianças e entender a distribuição dos indivíduos no país. Os objetivos secundários foram determinar os padrões de prática e as dificuldades encontradas no tratamento de doenças traqueais no Brasil.

Método

Todos os membros ativos da SBCT receberam um e-mail e foram convidados a preencher o questionário online por meio da plataforma REDCap. Os e-mails foram enviados de janeiro a abril de 2020. A pesquisa foi elaborada abrangeu 40 perguntas que exploraram 4 tópicos diferentes na avaliação de doenças traqueais: (1) Dados demográficos do respondente; (2) Perfil institucional, (3) Educação e treinamento em cirurgia laringotraqueal, (4) Avaliação pré e pós-operatória.
As análises foram limitadas àqueles que indicaram que sua prática envolvia o tratamento de pacientes com doenças traqueais. A pesquisa foi anônima, e os cirurgiões poderiam se recusar a informar sua cidade atual de prática.
A análise de normalidade foi realizada com o teste de Kolmogorov-Smirnov. As variáveis ​​categóricas são apresentadas como números absolutos e percentuais e analisadas com o teste t de Student ou teste exato de Fisher. As variáveis ​​contínuas são apresentadas como média e desvio padrão ou como mediana e intervalo interquartil se tivessem distribuição assimétrica. Utilizou-se valor de p<0,05.. O software Stata, versão 13 (StataCorp LP, College Station, TX, EUA), foi utilizado para as análises estatísticas.

Resultados

Cento e noventa e três cirurgiões de 21 dos 26 estados do Brasil responderam à pesquisa. A taxa de resposta foi de 24%. Dezoito respostas (9,3%) foram excluídas por dados incompletos. A idade média dos respondedores foi de 45,7 + 11,6 anos (intervalo: 27-73). 33% tinham mais de 20 anos de prática em cirurgia torácica, enquanto 40% tinham menos de 10 anos. 89% dos profissionais relataram realizar cirurgia traqueal. A mediana de procedimentos de ressecção traqueal por ano é 5 (IQR 3-12). Interação com outras especialidades ocorre em 37,3% dos casos. O acesso à tecnologia e dispositivos é variável ao longo do país. O treinamento do residente consiste em aulas teóricas em 97% dos casos. Treinamentos em animais (15,2%), cadáveres (12,1%) e simuladores (6,1%) são raros. A avaliação pré-operatória compreende broncoscopia flexível (97,8%) e/ou tomografia computadorizada de vias aéreas (90,6%). Distúrbios da deglutição (20,1%) e da voz (14,4%) são raramente avaliados. Oitenta e nove por cento dos cirurgiões consideram a broncoscopia o exame padrão-ouro pré-operatório, seguida da tomografia computadorizada (38,8%) e da reconstrução 3D (37,4%)

Conclusões

O números anual de cirurgia de via aérea por cirurgião é baixo. O acesso a tecnologia e equipamentos de ponta para a população, especialmente a pediátrica, é heterogêneo. O treinamento oferecido aos residentes na maioria das instituições acadêmicas ainda se baseia em palestras tradicionais. Novas tecnologias, como modelos de reconstrução 3D e simuladores de alta fidelidade deveriam ser estimuladas.