Dados do Trabalho


Título

PREDITORES DE COMPLICAÇOES APOS COLOCAÇAO DE TUBO T DE MONTGOMERY EM PACIENTES COM ESTENOSE BENIGNA DE TRAQUEIA

Objetivo

O objetivo primário do estudo é identificar preditores para a necessidade de intervenções não planejadas nas vias aéreas após a colocação de tubo T de Montgomery , em pacientes com estenose benigna de traqueia. Os objetivos secundários são: (1) Identificar preditores de complicações globais; (2) Comparar a taxa total de complicações entre tubos T supraglóticos e infraglóticos; (3) Avaliar a taxa de decanulação dos pacientes.

Método

Estudo prospectivo não randomizado, que incluiu pacientes com estenose benigna de traquéia que foram submetidos a colocação ou troca de Tubo T de Montgomery. Considerou-se intervenção não planejada qualquer procedimento realizado em até 90 dias da colocação do TuboT.
Variáveis contínuas são apresentadas como média e DP, e analisadas com os testes de Mann-Whitney e Wilcoxon signed rank. Variáveis categóricas serão apresentadas como porcentagens e analisadas com Chi2 e teste exato de Fisher. As variáveis preditoras foram testadas inicialmente para o desfecho por análise univariada(p=0.1) para inclusão no modelo multivariado. Para a análise multivariada, admitu-se um valor de erro alfa de 5%. Considerando-se uma taxa de complicações estimada em 5%, com um poder de estudo de 80%, erro alfa de 5%, calculamos que necessitamos de 250 procedimentos para as predições de risco.

Resultados

No período de Julho de 2018 a Dezembro de 2021 foram incluídos 153 pacientes (107 M / 46 F), que foram submetidos a 260 procedimentos endoscópicos. A etiologia mais comum foi intubação orotraqueal (n=132;86%), seguido de estenose idiopática (n=15;10%). A idade média dos pacientes foi de 42 + 17 (18-80) anos. O tempo mediano de intubação foi de 15 dias (IIQ: 10-21 dias), e 86% dos pacientes tinham traqueostomia. A extensão média da estenose traqueal foi de 31 +17 (5-90) mm.
As intervenções não planejadas foram mais frequentes no grupo com tubo-T supraglótico do que no grupo infraglótico (15,3 vs 4,3%; p=0,009). A taxa de complicações foi significativamente maior no grupo Tubo-T supraglótico do que no grupo infraglótico (23 vs 12%; p=0,04). Após análises univariada e multivariada, observou-se que idade (OR 0,89; IC95% 0,864-0,920; p<0,001), IMC>30 (OR 3,73; IC95% 1,05-13,23; p=0,041), distância entre a prega vocal e estenose ≤ 5mm (OR 7,71; IC95% 2,27-26,23; p=0,001) e distância entre prega vocal até a estenose entre 6 e 10mm (OR 30,55; IC95% 5,97-156,15; p<0,001) foram fatores determinantes para a necessidade de intervenções não planejadas na via aérea. O tubo-T em posição supraglótica também foi o principal fator determinante de complicações globais (OR 2,37; IC95% 1,05-5,34; p=0,037) e de retorno não planejado para UTI (OR 8,56; IC95% 1,35-54,12; p=0,022). Ao fim do seguimento, 26% dos pacientes foram decanulados.

Conclusões

Idade, IMC>30, distância entre a prega vocal e estenose ≤ 5mm, e distância entre prega vocal até a estenose entre 6 e 10mm foram fatores determinantes para o desfecho primário do estudo (intervenções não planejadas). O tubo T em posição supraglótica tem o triplo de complicações do que em posição infraglótica e foi o principal fator determinante de complicações globais e de retorno não planejado para terapia intensiva. A taxa de decanulação total foi de 26%.

Área

Cirurgia das Vias Aéreas

Instituições

Disciplina de Cirurgia Torácica da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo - São Paulo - Brasil

Autores

BENOIT JACQUES BIBAS, RICARDO MINGARINI TERRA, MARIANA RODRIGUES CREMONESE, HELIO MINAMOTO, PAULO FRANCISCO GUERREIRO CARDOSO, JORDANA PARREIRA ELIAS, PAULO MANUEL PÊGO-FERNANDES