Dados do Trabalho
Título
ABORDAGEM CIRURGICA DE IMPACTAÇAO DE PROTESE DENTARIA NO ESOFAGO: RELATO DE CASO
Objetivo
Apresentar relato de caso com intuito de discorrer sobre a abordagem cirúrgica em paciente com ingestão acidental de prótese dentária que foi inicialmente negligenciada.
Relato do Caso
Mulher de 63 anos, hipertensa, apresenta-se no serviço de emergência com queixa de deglutição acidental de dentadura durante refeição há 7 dias, associada à evolução progressiva de odinofagia, disfagia e sensação de empalamento em região retroesternal baixa. A paciente refere ter procurado outros serviços de emergência previamente, todos mantendo conduta expectante. Ao exame, encontra-se afebril, eupneica, estável hemodinamicamente, sem sinais de irritação peritoneal; não apresenta regurgitação, vômitos ou sinais de sangramento digestivo. A radiografia de tórax realizada não identifica a presença do corpo estranho no trato gastrointestinal superior, porém, a tomografia computadorizada de tórax evidencia a prótese em terço médio do esôfago sem sinais de perfuração. A paciente, então, é encaminhada para tentativa de retirada do corpo estranho por via endoscópica, estudo que revela objeto fortemente aderido à parede esofágica com impressão de perfuração da parede, bloqueada pela impactação do objeto, não sendo possível sua retirada. Após discussão entre equipe de cirurgia torácica e setor de endoscopia, optou-se por abordagem cirúrgica por via torácica, através de incisão póstero-lateral direita para retirada da prótese por esofagotomia, seguida de esofagostomia cervical. Ao 7º dia de pós-operatório, evolui com pequena fístula por deiscência da sutura esofágica à cavidade pleural, com saída de secreção de aspecto salivar pelo dreno torácico. Fístula confirmada após teste de deglutição com saída de azul de metileno pelos drenos da esofagostomia e do tórax - tomografia de controle com contraste oral não demonstrou extravasamentos. Redução progressiva do débito até por volta do 22º dia de pós-operatorio. A paciente manteve-se em dieta oral zero por 46 dias, permanecendo desde o 1° dia após a cirurgia com alimentação enteral exclusiva e, por ocasião de perda de sonda nasoenteral no 9° dia de pós-operatório, precisou de alimentação parenteral durante 5 dias. Teve alta hospitalar após 2 meses e 3 dias de internação (no centro de terapia intensiva e enfermaria) sem drenos e com dieta oral.
Área
Cirurgia do Mediastino
Instituições
Hospital Estadual Alberto Torres - Rio de Janeiro - Brasil, Hospital Universitário Antônio Pedro - Rio de Janeiro - Brasil
Autores
JULIANA MONTEIRO DE CARVALHO FRIZON, DÉBORA ELISABETH SALES VIEIRA, REBECCA DA SILVA SALES VIEIRA, SERGIO SARDINHA, PABLO MARINHO MATOS