Título

HÉRNIA DIAFRAGMÁTICA CONGÊNITA DE GRANDE VOLUME: RELATO DE CASO

Objetivo

A hérnia diafragmática, descrita pela primeira vez em 1541, é definida pela passagem de parte do conteúdo abdominal para o interior da cavidade torácica através de um defeito no diafragma. A ruptura diafragmática tem íntima relação com etiologia traumática, bem como defeitos congênitos. Nesse contexto, objetivou-se descrever um caso de hérnia diafragmática congênita de grande volume diagnosticada tardiamente mediante sintomatologia inespecífica.

Relato do Caso

Paciente do sexo masculino, 50 anos, encaminhado ao ambulatório de cirurgia torácica devido a achado em exame de imagem compatível com diagnóstico tardio de hérnia diafragmática. Apresentava, há 2 anos, quadro de dor torácica inespecífica relacionada aos esforços (iniciava ou piorava conforme atividades). Além disso, queixava-se de distensão e dor abdominal pós-prandial, principalmente em região epigástrica. Paciente negava tabagismo, etilismo e não apresentava histórico de trauma. Inicialmente foi submetido a investigação cardiológica, sendo descartadas causas cardíacas para o quadro. Em acompanhamento clínico, realizou radiografia de tórax, a qual demonstrou presença de massa torácica inespecífica à direita. Em reavaliação, foi solicitada tomografia de tórax com contraste, que apresentou os seguintes achados: volumosa hérnia diafragmática à direita, com abertura de até 9,2 cm, no aspecto anteromedial, exibindo herniação de todo o lobo direito hepático, da vesícula biliar, da flexura hepática do cólon e de parte do estômago, determinando deslocamento para a esquerda das estruturas mediastinais. Foi encaminhado então ao ambulatório de cirurgia torácica. Durante avaliação, paciente mantinha o mesmo padrão clínico descrito, sem alterações ao exame físico. Devido ao diagnóstico por imagem de hérnia diafragmática, foi indicada abordagem cirúrgica. Após agendamento do procedimento de forma eletiva, paciente foi submetido a herniorrafia diafragmática. Realizou-se toracotomia lateral direita a nível de oitavo espaço intercostal por via aberta. Ao inventário da cavidade, observou-se volumosa hérnia diafragmática contendo fígado, vesícula biliar e colón direito intratorácicos, com anel de aproximadamente 8 centímetros. Em seguida, foi realizada liberação de aderências com redução do conteúdo herniário, frenorrafia e herniorrafia diafragmática. Após, procedeu-se à reexpansão pulmonar e toracostomia com drenagem pleural fechada. Paciente evoluiu satisfatoriamente no pós-operatório, sem intercorrências. Feita retirada do dreno de tórax no sexto dia pós-operatório e alta médica no sétimo dia. Retornou em ambulatório para seguimento, mantendo-se assintomático e sem queixas, sendo assim orientado a continuar com acompanhamento clínico sem condutas adicionais. Constatou-se, portanto, hérnia diafragmática de etiologia congênita diagnosticada tardiamente.

Área

Cirurgia do Mediastino