Dados do Trabalho


Título

BOCIO MERGULHANTE E TIMOMA SIMULTANEO; UM RELATO DE CASO INCOMUM.

Objetivo

Relatar apresentação incomum de duas doenças habitualmente tratadas pelo cirurgião torácico com ênfase no tratamento cirúrgico. Através de análise retrospectiva em prontuário eletrônico associado aos registros fotográficos do procedimento cirúrgico e revisão dos temas que, neste caso, surgiram de maneira associada.

Relato do Caso

Paciente M.A. masculino, 66 anos, internado no Hospital 9 de Julho devido a desconforto respiratório agudo. O paciente estivera internado durante cerca de 60 dias devido à complicações da COVID 19 quando foram diagnosticadas duas massas intratorácicas, uma em mediastino anterior em loja tímica, compatível com timoma e outra cervical com insinuação torácica altamente sugestivo de bócio mergulhante. Na ocasião da primeira internação, o paciente foi contrário ao tratamento cirúrgico das lesões e recebeu alta com orientações de seguimento ambulatorial.
Aproximadamente 30 dias após alta hospitalar, paciente retornou ao hospital, por meio próprios, relatando piora respiratória aguda. Durante o atendimento inicial foram realizadas tomografias computadorizadas pelas quais foi constatado aumento da massa mediastinal. Diante dos sintomas em piora progressiva, os quais foram, em parte atribuídos ao efeito de massa das lesões e aumento das dimensões daquela originalmente mediastinal, foi optado pela ressecção cirúrgica, em tempo único. A equipe da cirurgia de cabeça e pescoço foi então chamada para programação da intervenção.
A cirurgia foi realizada através de uma cervicotomia em colar pela equipe da cirurgia cabeça e pescoço, sendo realizada soltura das aderências cervicais do bócio e posteriormente, pela equipe da cirurgia torácica, esternotomia mediana para timectomia e liberação das aderências torácicas do bócio. O procedimento se deu sem intercorrências operatórias com a ressecção total das lesões. Foi locado um dreno mediastinal a vácuo que foi retirado no quarto dia de pós-operatório.
Após a cirurgia, o paciente foi encaminhado a Unidade Terapia Intensiva para cuidados pós-operatórios. Apresentou dor em região da esternotomia e foi pouco colaborativo com as sessões de fisioterapia, mantendo-se restrito ao leito, na maior parte do tempo. No 4º dias de pós operatório, recebeu alta da UTI sendo encaminhado ao quarto onde, após sessão de fisioterapia, foi notada exteriorização de conteúdo hemático pela esternotomia. Realizada tomografia de tórax com contraste onde foi costada coleção de aspecto hemático em topografia cirúrgica. Diante desse achado foi decidido reabordargem para drenagem de coleção. Durante reoperação não foram identificados focos de sangramento ativo, apenas coágulos. Foi então realizada evacuação de coágulos e, após nova revisão da hemostasia, locado novo dreno e encerrado procedimento.
O resultado do estudo de anatomia patológica confirmou as suspeitas iniciais de bócio mergulhante e timoma.
A evolução pós se deu sem mais intercorrências e o novo dreno foi retirado após 3 dias quando ao débito já estava seroso e com baixo volume. Paciente recebeu alta hospitalar e, atualmente faz acompanhamento ambulatorial.

Área

Oncologia Torácica

Instituições

Hospital 9 de Julho - São Paulo - Brasil

Autores

CAIO BARBOSA CURY, MAURO FEDERICO LUIS TAMAGNO, TIAGO ERNESTO FABRIS CEZAR, LEANDRO PICHETH ELOY PEREIRA, ORIVAL DE FREITAS FILHO