Dados do Trabalho


Título

RESULTADOS DA DESOBSTRUÇAO POR TECNICA HIBRIDA EM PORTADORES DE ESTENOSE TRAQUEAL EM FUNDO-CEGO

Objetivo

Estenose traqueal pós-intubação em fundo-cego (Cotton-Myer grau IV) resulta em ablação fonatória completa e dependência de traqueostomia para ventilação. Descrevemos recentemente a desobstrução por técnica híbrida com inserção de prótese traqueal (tubo T) para restabelecer a perviedade das vias aéreas e fonação enquanto o paciente aguarda tratamento definitivo. O presente estudo avalia os resultados do seguimento dos pacientes submetidos à técnica híbrida de desobstrução traqueal em fundo cego.

Método

Análise retrospectiva de pacientes submetidos à desobstrução entre março/2012 e agosto/2022. Foram incluídos pacientes de ambos os sexos, portadores de estenose Cotton-Myer IV pós-intubação, em ventilação espontânea via traqueostomia, não elegíveis para tratamento cirúrgico primário da estenose (traqueoplastia). Utilizou-se a tomografia computadorizada de pescoço e tórax para o planejamento pré-operatório. A desobstrução por técnica híbrida foi realizada sob anestesia geral por meio de laringoscopia de suspensão e cervicotomia vertical mínima na borda vertical do traqueostoma. Pacientes foram acompanhados ambulatorialmente em intervalos regulares e o tubo T foi trocado anualmente. A decanulação seguiu os critérios utilizados no serviço. Os dados analisados foram coletados por meio de prontuário eletrônico. O desfecho foi considerado favorável quando a decanulação ou a ressecção traqueal foram realizados com sucesso durante o seguimento.

Resultados

Sessenta e três pacientes foram submetidos ao procedimento (39 homens, 77%), idade média 35,5±16,8 anos. O seguimento médio foi de 1539±940 dias. Trauma foi a causa mais prevalente de intubação (48,4%), seguido de eventos cardiovasculares (17,18%) e infecções (11%). A extensão média da estenose foi de 34,1±11mm. Complicações pós-operatórias maiores (com necessidade de reintervenção) ocorreram em 7 (11,8%), e menores (sem necessidade de reintervenção) em 29 (49,2%). Não houve mortalidade relacionada ao procedimento. Durante o acompanhamento, 11 (17,2%) pacientes foram submetidos à ressecção traqueal e 8 (12,5%) foram decanulados. A média de procedimentos realizados após a desobstrução foi de 3 por paciente. Todos os pacientes submetidos à desobstrução retomaram a fonação após o procedimento.

Conclusões

A desobstrução de estenose traqueal em fundo-cego por técnica híbrida com colocação de tubo T de silicone, mostrou-se eficaz e segura na restauração da fonação e da respiração nasal. O procedimento é seguro, apesar de sua taxa de complicações não desprezível.

Área

Cirurgia das Vias Aéreas

Instituições

INCOR - São Paulo - Brasil

Autores

ANA CAROLINA DE AVILA, MONIQUE DE OLIVEIRA CERANTO, PAULO FRANCISCO GUERREIRO CARDOSO, HELIO MINAMOTO, BENOIT JACQUES BIBAS, PAULO MANUEL PEGO FERNANDES