Dados do Trabalho


Título

EXERESE DE CISTO PERICARDICOS REALIZADOS NO BRASIL DURANTE 15 ANOS

Objetivo

Os cistos pericárdicos são consideradas formações expansivas incomuns, geralmente assintomáticos, mas que podem se manifestar principalmente pela compressão de estruturas adjacentes. Outras complicações possíveis se dão por ruptura, infecção e hemorragia. Dessa forma, o tratamento cirúrgico está indicado nos casos sintomáticos, visando a correção dessa alteração que pode simular estenose tricúspide, estenose pulmonar ou pericardite constritiva. O objetivo deste trabalho consiste em analisar o atual panorama de procedimentos de exérese de cisto pericárdico realizados nas cinco regiões brasileiras durante 15 anos e correlacionar a epidemiologia atual com os resultados obtidos.

Método

Realizou-se uma revisão sistemática da literatura nas bases de dados SciELO e Pubmed juntamente com uma coleta observacional, descritiva e transversal dos dados dos procedimentos de exérese de cisto pericárdico disponíveis no DATASUS - Sistema de Informações Hospitalares do SUS (SIH/SUS) por um período de quinze anos - novembro de 2008 a novembro de 2022 - avaliando valor de gastos públicos, complexidade, taxa de mortalidade, óbitos, média de permanência e caráter de atendimento. Todos os artigos incluídos na revisão foram publicados entre 2017 e 2022, em inglês e/ou português, em revistas com web Qualis superior a B1.

Resultados

Durante o período analisado, foram realizadas 149 exéreses de cisto pericárdico no Brasil, representando um gasto total de R$812.957,09, sendo 2018 o ano com maior número de internações (18) e o responsável pelo maior valor gasto durante o período (R$95.275,89). Do total de procedimentos, 55 foram realizados em caráter eletivo e 94 em caráter de urgência, tendo sido todos considerados de alta complexidade. A região Sudeste possui o maior número de periocardiocenteses realizadas durante o período analisado, com 102 internações, seguida da região Sul com 25 internações, Nordeste com 13, Centro-Oeste com 5 e, por último, a região Norte com 4 internações. A taxa de mortalidade total nos 15 anos estudados foi de 7,38, correspondendo a 11 óbitos, tendo sido 2019 o ano com taxa de mortalidade mais alta (28,57), enquanto o ano de 2018 apresentou a menor taxa (5,56). A taxa de mortalidade dos procedimentos eletivos foi de 3,64, enquanto que os com caráter de urgência apresentaram taxa de mortalidade de 9,57. A região que apresentou taxa de mortalidade mais alta para a realização do procedimento foi a Centro-Oeste, com taxa de mortalidade de 20,00. A média de permanência total de internação no Brasil durante o período analisado foi de 9,0 dias.

Conclusões

A partir da análise realizada, foi possível constatar que a taxa de mortalidade dos procedimentos de urgência foi consideravelmente maior do que as exéreses realizadas de forma eletiva. Assim, uma abordagem cirúrgica precoce nos casos sintomáticos e assintomáticos com grande potencial de compressão adjacente parece ser a melhor estratégia para diminuir a realização de procedimentos de urgência e, dessa forma, a taxa de mortalidade.

Área

Cirurgia do Mediastino

Instituições

UNIVERSIDADE PROF. EDSON ANTÔNIO VELANO (UNIFENAS) - Minas Gerais - Brasil

Autores

LEONARDO MOREIRA MIGUEL VIEIRA, BRUNA FARIA SIQUEIRA VIEIRA RABELO, ROBERTA BESSA VELOSO SILVA